A Prefeitura de Campinas enfrenta mais um capítulo de incertezas no processo de licitação do transporte público municipal. Desta vez, a administração municipal contratou a B3, a Bolsa de Valores brasileira, para conduzir o processo licitatório, mas o cronograma já sofreu novos atrasos.
Contratação Inédita da Bolsa de Valores
Em uma movimentação atípica para serviços públicos municipais, Campinas firmou contrato com a B3 no valor de R$ 1,9 milhão para que a instituição financeira conduza todo o processo de licitação do transporte coletivo. A escolha surpreendeu especialistas do setor.
A justificativa da prefeitura foi a necessidade de trazer mais transparência e agilidade ao processo, utilizando a expertise da Bolsa em conduzir licitações complexas. No entanto, o resultado tem sido justamente o oposto do esperado.
Novo Adiamento e Cronograma em Xeque
O edital, que inicialmente estava previsto para ser publicado em setembro, sofreu seu mais recente adiamento. Agora, a prefeitura projeta que a publicação ocorra apenas em dezembro de 2025, com a licitação sendo concluída em março de 2026.
Este não é o primeiro revés no processo. A licitação original já havia sido adiada múltiplas vezes, criando um cenário de instabilidade para empresas operadoras e, principalmente, para os usuários do sistema.
Impacto Direto na População
Os sucessivos adiamentos têm consequências concretas para os campineiros:
- Manutenção do atual modelo de transporte, considerado defasado por especialistas
- Incerteza sobre melhorias na qualidade do serviço
- Adiamento de possíveis reduções tarifárias
- Falta de previsibilidade para investimentos em frota e infraestrutura
Repercussões e Críticas
O secretário de Transportes, Vinicius Riverete, reconheceu os atrasos, mas defendeu a estratégia da prefeitura. "Estamos trabalhando para garantir um processo licitatório robusto e transparente. A complexidade da operação justifica os prazos adicionais", afirmou.
Entretanto, especialistas em mobilidade urbana questionam a eficácia da medida. A contratação da B3, em vez de acelerar o processo, parece tê-lo complicado ainda mais, com a necessidade de adaptar procedimentos típicos do mercado financeiro à realidade do serviço público municipal.
Próximos Passos
Enquanto a população aguarda, a prefeitura mantém o discurso de que o adiamento trará benefícios a longo prazo. A promessa é de um sistema de transporte mais moderno, eficiente e com melhor custo-benefício para os cofres públicos.
Resta saber se a espera valerá a pena ou se Campinas continuará presa em um ciclo de promessas e adiamentos no setor que é essencial para o dia a dia de milhares de cidadãos.