
Eis que o Judiciário paraense está prestes a virar uma página decisiva em seus anais. Não é todo dia que a gente testemunha a quebra de uma barreira secular, mas setembro chega com aquele sopro de mudança que, francamente, já devia ter acontecido há tempos.
O Tribunal de Justiça do Pará marcou para o dia 10 de setembro a posse da primeira – repito, primeira – mulher advogada nomeada para a vaga destinada à Ordem dos Advogados do Brasil na história da corte. Um ato que, convenhamos, é mais do que simbólico: é histórico com H maiúsculo.
A informação veio a público nesta sexta-feira, 30 de agosto, através do Diário da Justiça Eletrônico. A sessão solene está programada para as 9h da manhã no Plenário do TJPA. E olha, não vai ser uma cerimônia qualquer. É daquelas que a gente conta para as gerações futuras.
Um marco que fala mais alto
O que isso significa na prática? Bom, além do óbvio – finalmente ter uma representante feminina ocupando um espaço que sempre foi dominado por homens –, sinaliza uma abertura necessária. O sistema judiciário, tão criticado por suas panelinhas antiquadas, dá um passo importante rumo a uma composição que espelhe melhor a sociedade que deveria servir.
Não me entendam mal: progresso é progresso, mesmo que tardio. Mas não deixa de ser impressionante que só em 2025 isso esteja acontecendo. Me faz pensar quantos talentos femininos brillharam e não foram reconhecidos ao longo das décadas.
O que esperar da nova composição?
Com a posse da nova integrante – cujo nome ainda não foi divulgado oficialmente –, o Tribunal de Justiça do Pará completa seu quadro de 43 desembargadores. A vaga em questão é a de número 23, que ficou aberta após a aposentadoria do desembargador Rui Melo.
E cá entre nós: a presença feminina nos tribunais superiores não é apenas uma questão de igualdade de gênero. Trata-se de enriquecer o debate jurídico com perspectivas diferentes, experiências diversas e, quem sabe, uma dose extra de sensibilidade para casos que demandam justamente isso.
O Pará acompanha assim um movimento nacional – ainda que lento – de maior participação feminina nas instâncias judiciárias mais altas. Um sinal dos tempos, diriam alguns. Eu prefiro chamar de simples justiça.
Resta torcer para que essa seja a primeira de muitas conquistas. Porque, convenhamos, uma andorinha só não faz verão – mas sem a primeira, não começa nenhum verão.