
Eis que o placar do Supremo muda de figura – e como! – com um voto que pegou todo mundo de surpresa. Toffoli, sim, o mesmo ministro, simplesmente deu uma guinada de 180 graus no julgamento de Daniel Silveira. Quem diria, hein?
Randolfe Rodrigues, aquele senador que não tem papas na língua, soltou uma pérola ao comentar a jogada. Falou em "golpe dado pelo mordomo" – uma ironia fina que corta como lâmina. A referência? Nada mais nada menos que o ex-presidente Lula, é claro.
O caso é complexo, mas vou tentar simplificar: Silveira foi condenado pelo STF em 2022 por ataques à Corte. Aí, pasmem, recebeu perdão de Jair Bolsonaro. Só que o Supremo anulou esse perdão. E agora, Toffoli entra em cena e defende que o indulto… vale? A conta não fecha, mas é aí que mora o drama.
Numa fala que mistura sarcasmo e indignação, Randolfe não poupou críticas. "Se o mordomo dá o golpe, aí não é golpe?", provocou, com aquela cara de paisagem que só ele sabe fazer. A referência velada à fala de Lula sobre o impeachment de Dilma Rousseff não passou batida. Nem poderia.
O voto que mudou tudo
Toffoli não só defendeu a validade do indulto, como questionou a própria condenação de Silveira. Ou seja, meteu o pé na porta e revirou o tabuleiro. O ministro chegou a dizer que a decisão anterior do STF feriu «princípios constitucionais sensíveis». Forte, muito forte.
E olha que a coisa não para por aí. O voto dele abriu um flanco perigoso – ou conveniente, dependendo de que lado você está – na relação entre os Três Poderes. O Congresso observa com lupa. O Planalto, então, nem se fala.
Reações em cadeia
A fala de Randolfe ecoou como um alerta. Não é só sobre Silveira, claro. É sobre o que significa um ministro do Supremo revisitar uma decisão da própria corte com tanto… vigor. Seria princípio jurídico? Estratégia política? Ninguém sabe ao certo, mas todo mundo tem palpite.
O senador, que é aliado de primeira hora de Lula, deixou claro: há um mal-estar crescente. E quando o líder do governo no Senado solta uma dessa, é porque o clima aqueceu de verdade. O recado foi dado, ainda que entre linhas – ou melhor, justamente porque foi entre linhas.
O que vem por aí? Bom, ninguém pode prever. Mas uma coisa é certa: o jogo político acabou de ganhar um novo capítulo – e dos bons.