
Parece que a poeira não vai baixar tão cedo no cenário político brasileiro. E dessa vez, o estopim veio de onde menos se esperava: do próprio palácio dos Bandeirantes. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) — aquele mesmo que muitos apontavam como um nome em ascensão — decidiu travar um embate direto, e digamos, bastante ousado, com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
E a reação não demorou. Fábio Nunes, deputado federal e, pasmem, aliado do governador, não ficou nada satisfeito. Na verdade, foi além. Usou uma expressão que diz muito: Tarcísio teria “perdeu completamente as estribeiras”. Sabe aquele momento em que alguém ultrapassa todos os limites da razão? É mais ou menos isso.
Mas o que Tarcísio disse, afinal?
O governador paulista não usou linguagem de flowers. Durante uma coletiva de imprensa, ele partiu para um ataque pesado, classificando as ações de Moraes como um “verdadeiro atentado contra a democracia”. Disse também que o ministro age como se estivesse “acima da lei e da Constituição”. Palavras fortes, para não dizer outra coisa.
Nunes, por sua vez, rebateu com a serenidade de quem vê um trem descarrilhar em câmera lenta. Para ele, esse tipo de confronto é um tiro no pé — e que atinge não só Tarcísio, mas todo o projeto político que representam. “Não é assim que se resolve as coisas”, disparou o deputado, com um tom de evidente preocupação. “Precisamos de diálogo, não de bate-boca. Isso aqui não é rincha de galo.”
E as consequências? Elas existem.
Especialistas que acompanham o judiciário e o executivo já começam a soar o alarme. Um conflito aberto entre um governador de peso e um ministro do STF não é brincadeira de criança. Pode abrir um precedente perigoso, instabilizar mercados e, claro, queimar pontes políticas que levaram anos para serem construídas.
O pano de fundo, claro, são as investigações conduzidas pelo ministro Moraes — que incluem operações contra supostos golpistas e financiadores de atos antidemocráticos. Tarcísio, que já foi ministro do ex-presidente Bolsonaro, parece estar sentindo a pressão de um eleitorado mais radical, mas também arrisca alienar a base mais moderada.
Uma coisa é certa: o jogo político acabou de ficar muito mais interessante. E muito mais imprevisível.