O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou publicamente neste domingo (30) que manteve uma conversa telefônica com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A revelação ocorreu a bordo do Air Force One, quando Trump respondeu a questionamentos de jornalistas sobre o contato entre os dois líderes.
Detalhes da conversa secreta
Segundo informações publicadas inicialmente pelo The New York Times, a ligação teria acontecido durante o final de semana anterior. Fontes ouvidas pelo jornal americano indicaram que ambos os presidentes discutiram a possibilidade de um encontro pessoal nos Estados Unidos, embora nenhuma reunião esteja oficialmente marcada até o momento.
Trump foi evasivo sobre o conteúdo da discussão, limitando-se a confirmar que a conversa de fato ocorreu. "Não quero comentar sobre isso. A resposta é sim", afirmou o mandatário americano quando questionado diretamente sobre o assunto.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, conhecido por ser um dos principais críticos do regime de Maduro dentro do governo americano, também participou da chamada telefônica. Não foram divulgados detalhes específicos sobre o que foi tratado durante a conversa.
Cenário de tensões crescentes
A ligação ocorreu dias antes de entrar em vigor a decisão do Departamento de Estado de classificar o Cartel de los Soles como organização terrorista estrangeira. Os Estados Unidos acusam Maduro de liderar pessoalmente o grupo criminoso, alegação que o governo venezuelano nega veementemente.
Enquanto isso, os Estados Unidos continuam ampliando sua presença militar na região do Caribe, em uma área próxima à costa venezuelana. Desde agosto, mais de 20 embarcações suspeitas de transportar drogas foram bombardeadas, resultando em pelo menos 83 mortes confirmadas.
O aparato militar inclui o envio de oito navios de guerra, caças F-35 e o porta-aviões Gerald Ford - o maior do mundo - que chegou à região neste mês. A Casa Branca afirma que a operação tem como foco principal o combate ao narcotráfico internacional.
Declarações contraditórias e especulações
Autoridades americanas, sob condição de anonimato, revelaram que o esforço militar também mira, em última instância, a remoção de Nicolás Maduro do poder. No entanto, em declarações ao site Axios, as mesmas fontes afirmaram que não há, "neste momento", qualquer plano para capturar ou matar o presidente venezuelano.
Trump já havia sinalizado abertura para um diálogo com Maduro anteriormente, enquanto o líder venezuelano afirmou estar pronto para um encontro "cara a cara". Na quinta-feira (27), o presidente americano declarou que os EUA devem iniciar "muito em breve" uma ofensiva terrestre contra o narcotráfico na Venezuela, sem fornecer detalhes específicos.
O governo venezuelano, por sua vez, acusa Washington de buscar uma mudança de regime e classificou como "ridícula" a decisão americana de enquadrar o Cartel de los Soles como grupo terrorista. A tensão entre os dois países permanece em seu ponto mais alto, com gestos de aproximação diplomática acontecendo paralelamente a movimentações militares significativas.