
O jogo geopolítico entre Teerã e Washington ganhou mais um capítulo tenso nesta terça-feira. Fontes próximas ao governo iraniano revelaram que o país não dará um passo sequer em direção à retomada das conversas sobre seu programa nuclear sem que os americanos apresentem — e assinem em baixo — garantias de segurança concretas.
Não é de hoje que essa dança diplomática parece mais um jogo de xadrez com peças explosivas. Enquanto isso, os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) mordem as unhas, sem acesso a instalações-chave.
O que está em jogo?
Pelos bastidores, circulam três exigências iranianas que viraram pedras no sapato diplomático:
- Fim imediato das sanções econômicas asfixiantes
- Compromisso escrito de que os EUA não abandonarão o acordo de novo (como fez Trump em 2018)
- Reconhecimento formal do direito iraniano ao enriquecimento de urânio para fins pacíficos
"Eles querem o bolo inteiro, com cereja em cima e vela acesa", resmungou um diplomata europeu sob condição de anonimato. Já do lado iraniano, a fala é outra: "Não somos ingênuos para cair no mesmo conto do vigário".
O relógio não para
Enquanto isso, os centrifugadores iranianes não dormem. Relatórios técnicos indicam que o país já acumulou urânio enriquecido a 60% — um pulo de gato para os 90% necessários para uma bomba. E aqui mora o perigo: quanto mais o Irã avança, mais Israel coça a cabeça onde guarda seus caças F-35.
O governo Biden, por sua vez, tenta equilibrar-se numa corda bamba. De um lado, aliados republicanos berrando por mais sanções. Do outro, parceiros europeus implorando por flexibilidade antes que o barril de pólvora exploda.
Nessa altura do campeonato, até os otimistas já perderam as esperanças de um desfecho rápido. Como diria um velho ditado persa: "A pressa é inimiga da diplomacia — mas o excesso de cautela pode ser inimigo da paz".