Nobel da Paz para Maria Corina Machado gera protesto: entidades norueguesas boicotam cerimônia
Entidades norueguesas boicotam Nobel da Paz a Machado

Um gesto de protesto abalou os preparativos para a cerimônia do Prêmio Nobel da Paz em Oslo. Diversas organizações norueguesas anunciaram que não participarão do tradicional cortejo em sinal de descontentamento com a escolha da venezuelana Maria Corina Machado como laureada deste ano.

Boicote organizado

Pelo menos oito entidades confirmaram publicamente que estarão ausentes do evento marcado para 10 de dezembro. Entre elas estão a ATTAC Norway, a Associação Norueguesa de Juristas e a Organização para a Sociedade da Informação.

Em comunicado conjunto, as organizações afirmaram que a premiação "envia um sinal perigoso" e "mina a credibilidade do prêmio". O posicionamento reflete uma divisão de opiniões sobre o trabalho da ativista venezuelana.

As críticas à escolha

Os críticos argumentam que Machado representa uma abordagem de confronto na política venezuelana, o que contradiria os princípios de construção da paz que o Nobel deveria representar. As entidades norueguesas destacam que a oposição liderada por Machado defende sanções internacionais que, segundo elas, prejudicam a população venezuelana.

"Esta premiação é vista como um ato político que toma partido em um conflito complexo", afirmou um dos porta-vozes das organizações em entrevista coletiva.

O contexto venezuelano

Maria Corina Machado tornou-se uma das principais vozes da oposição ao governo de Nicolás Maduro. Apesar de ter vencido as primárias opositoras em 2023, ela foi impedida de concorrer às eleições presidenciais por uma decisão judicial.

Seus apoiadores destacam sua coragem em desafiar um governo autoritário e seu compromisso com a democracia. Já seus críticos apontam para seu histórico de defesa de intervenções internacionais na Venezuela.

Impacto na cerimônia

A ausência dessas organizações deve esvaziar parcialmente o cortejo que tradicionalmente reúne diversas entidades da sociedade civil norueguesa. O protesto representa um dos maiores boicotes à cerimônia do Nobel em anos recentes.

O Comitê do Nobel norueguês, responsável pela escolha do laureado, mantém sua decisão e defende que Machado é "uma defensora corajosa dos direitos democráticos e da liberdade".

A polêmica ilustra como o prêmio mais prestigiado do mundo continua a gerar debates acalorados sobre política, paz e os caminhos para a resolução de conflitos.