Urubus em Goiânia: Prefeitura gasta R$ 151 mil em fogos para espantar aves, método proibido no estado
Prefeitura gasta R$ 151 mil em fogos proibidos contra urubus

Em uma decisão que mistina controvérsia e criatividade, a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) pretende investir R$ 151 mil em rojões e foguetes para espantar urubus do aterro controlado da capital. A estratégia, no entanto, esbarra em uma proibição estadual que veda exatamente esse tipo de prática.

Gasto polêmico com método questionável

O valor significativo será destinado à aquisição de 150 unidades de foguetes e rojões especiais, conforme detalhado em processo de dispensa de licitação publicado no Diário Oficial do município. A justificativa apresentada pela Comurg é a necessidade urgente de afastar as aves que sobrevoam a área do aterro.

O método escolhido, porém, é explicitamente proibido pela Lei Estadual 20.472/2019, que veda o uso de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos para dispersão de animais em todo o território goiano.

Conflito entre leis municipal e estadual

A situação cria um impasse jurídico interessante: enquanto a prefeitura busca solucionar um problema real de convivência urbana com a fauna, o método escolhido viola legislação estadual. A lei que proíbe a prática foi criada exatamente para proteger os animais do estresse e dos possíveis danos causados pelos fogos.

Os urubus, importantes para o equilíbrio ambiental como agentes de limpeza natural, tornaram-se um problema no aterro controlado, onde encontram alimento fácil. A concentração dessas aves preocupa tanto pela possibilidade de acidentes aéreos quanto pela transmissão de doenças.

Busca por alternativas sustentáveis

Especialistas em manejo de fauna urbana questionam a eficácia duradoura do método dos fogos, sugerindo que soluções mais sustentáveis e menos impactantes poderiam ser mais adequadas. Entre as alternativas apontadas estão:

  • Métodos sonoros menos agressivos
  • Gestão mais eficiente dos resíduos no aterro
  • Programas de monitoramento contínuo da população de urubus
  • Tecnologias de dispersão visual

O caso levanta questões importantes sobre como as cidades devem lidar com a convivência entre o urbano e o natural, especialmente quando soluções rápidas conflitam com proteções legais estabelecidas.