Em uma cerimônia carregada de simbolismo e emoção, o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministro Luis Alberto dos Santos, fez um pedido público de perdão pelos crimes cometidos durante a ditadura militar brasileira. O ato histórico ocorreu durante homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, assassinado há 50 anos pelos órgãos de repressão do regime.
Um momento de virada na história do Judiciário
O ministro não mediu palavras ao reconhecer a responsabilidade do Estado brasileiro nas violações de direitos humanos ocorridas entre 1964 e 1985. "Chegou o momento de pedir perdão", declarou ele, diante de uma plateia que incluía familiares de vítimas, sobreviventes da repressão e autoridades.
Esta foi a primeira vez que um presidente do STM - tribunal que atuou ativamente durante o regime militar - faz um pedido formal de desculpas pelos excessos cometidos naquele período sombrio de nossa história.
O legado de Vlado Herzog
Vladimir Herzog, diretor de jornalismo da TV Cultura, foi preso, torturado e assassinado em 25 de outubro de 1975 nas dependências do DOI-CODI em São Paulo. A versão oficial da época, de que ele teria cometido suicídio, foi desmentida anos depois, tornando-se um símbolo da luta por verdade e justiça.
Seu filho, Ivo Herzog, presente ao evento, emocionou-se com o gesto do ministro: "É um passo importante no longo caminho da reconciliação nacional", afirmou.
O caminho para a reconciliação
O pedido de perdão do STM representa um marco significativo no processo de justiça de transição brasileiro. Especialistas em direitos humanos avaliam que este reconhecimento público:
- Ajuda a curar feridas históricas ainda abertas
- Fortalce a democracia e o Estado de Direito
- Contribui para que crimes contra a humanidade não se repitam
- Honra a memória de todos que lutaram pela redemocratização
Um novo capítulo nas relações entre Estado e sociedade
O ato simbólico ocorre em um momento de reflexão sobre o passado autoritário do país e serve como alerta para as gerações presentes e futuras sobre os perigos do autoritarismo e da supressão de liberdades fundamentais.
A reconciliação com a verdade histórica se mostra essencial para a consolidação de uma democracia madura e respeitadora dos direitos humanos. O gesto do presidente do STM abre caminho para que outras instituições possam seguir o mesmo exemplo em nome da justiça e da paz social.