Em um momento histórico que marca uma virada na relação das Forças Armadas com o passado sombrio do regime militar, o presidente do Superior Tribunal Militar (STM), general Luis Roberto Gomes, fez um pedido público de perdão pelos crimes cometidos durante a ditadura.
A cerimônia aconteceu durante a inauguração do Memorial Vladimir Herzog, localizado no próprio STM, e representou um gesto sem precedentes na história da instituição.
Um pedido de perdão que entra para a história
O general Gomes não mediu palavras ao reconhecer a responsabilidade do Estado brasileiro na morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida em 1975 nas dependências do DOI-CODI. "Peço perdão em nome do STM", declarou o magistrado militar, em um discurso que emocionou presentes e familiares da vítima.
O momento mais impactante da cerimônia aconteceu quando o presidente do STM afirmou: "O Estado brasileiro é responsável pela morte de Vladimir Herzog e de tantos outros". Esta declaração representa uma mudança significativa no posicionamento oficial das instituições militares sobre os anos de chumbo.
Memorial como símbolo de reconciliação
A criação do Memorial Vladimir Herzog dentro do próprio Superior Tribunal Militar carrega um profundo significado simbólico. O espaço, que antes representava o poder judiciário militar durante a ditadura, agora abriga um local de memória e homenagem a uma das vítimas mais emblemáticas do regime.
Familiares de Herzog e representantes de organizações de direitos humanos compareceram ao evento, destacando a importância deste reconhecimento oficial após quase 50 anos da morte do jornalista.
O legado de Herzog e a justiça tardia
Vladimir Herzog era diretor de jornalismo da TV Cultura quando foi preso, torturado e assassinado pelos órgãos de repressão. Sua morte, inicialmente apresentada como suicídio pelas autoridades da época, tornou-se um símbolo da luta por democracia e justiça no Brasil.
O pedido de perdão do STM representa um passo importante no processo de reconciliação nacional e no enfrentamento da verdade sobre os anos de exceção. Um gesto que, embora tardio, ajuda a escrever um novo capítulo na história das instituições brasileiras.