 
Em 23 de setembro de 1992, o deserto de Nevada testemunhou um evento que entraria para a história: a última explosão nuclear conduzida pelos Estados Unidos. Batizada de "Divider", esta detonação marcou o fim de uma era que durou quase cinco décadas e simbolizou uma mudança radical na política de defesa americana.
O Cenário da Explosão Final
O teste ocorreu no Local de Testes de Nevada, uma vasta área desértica que serviu como palco para mais de 900 testes nucleares desde 1951. A operação foi conduzida a cerca de 230 metros abaixo da superfície, em um túnel especialmente construído para abrigar o artefato.
Apesar de ser tecnicamente uma explosão "subcrítica" - o que significa que não gerou uma reação em cadeia sustentada -, o Divider produziu uma energia equivalente a menos de 20 toneladas de TNT, uma fração mínima comparada aos megatons das bombas da Guerra Fria.
Por que o Divider Marcou o Fim?
O contexto político era crucial: em outubro de 1992, o Congresso americano aprovou uma moratória para testes nucleares, pressionado por preocupações ambientais e por um novo cenário geopolítico pós-Guerra Fria. O Divider foi a resposta da administração George H. W. Bush a essas pressões.
"Era um teste pequeno, mas carregava um significado enorme", explica o historiador nuclear Alex Wellerstein. "Ele representava tanto uma despedida quanto uma mensagem: os EUA mantinham capacidades, mas estavam dispostos a mudar."
O Legado que Permanece
Desde o Divider, os Estados Unidos nunca mais detonaram outro artefato nuclear. O país passou a depender de:
- Simulações por computador de alta precisão
- Testes subcríticos em laboratório
- Manutenção do estoque existente sem explosões
Mais de três décadas depois, o Local de Testes de Nevada ainda carrega as marcas visíveis e radioativas de seu passado explosivo. O Divider permanece como um marco histórico - não pela força da explosão, mas pelo silêncio que se seguiu.
Um Capítulo que se Fecha
A era dos testes nucleares americanos, que começou com o Trinity em 1945, encontrou seu epílogo no deserto de Nevada. O Divider serve como lembrança de um período de tensão extrema e símbolo de uma transição para métodos menos destrutivos de garantir a segurança nacional.
Hoje, o local do teste é uma cápsula do tempo enterrada nas areias do deserto, testemunha silenciosa do momento em que a humanidade decidiu dar um passo atrás no limiar da destruição total.
 
 
 
 
