A Guarda Costeira dos Estados Unidos interceptou, neste domingo (21), um terceiro navio petroleiro próximo à costa da Venezuela. A ação, confirmada pelas agências de notícias Bloomberg e Reuters, marca a segunda apreensão em um único final de semana e a terceira em pouco mais de dez dias, intensificando a pressão do governo Trump sobre o regime de Nicolás Maduro.
Maduro denuncia "corsários" e "campanha de agressão"
Minutos após a notícia da nova interceptação se espalhar, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, usou suas redes sociais para fazer uma declaração forte. Ele afirmou que seu país enfrenta há 25 semanas "uma campanha de agressão de terrorismo psicológico e de corsários que assaltaram petroleiros". Embora não tenha citado nominalmente a ação americana deste domingo, o timing da fala sugere uma resposta direta.
"Estamos preparados para acelerar a marcha da Revolução profunda", declarou Maduro, sem fornecer detalhes concretos sobre medidas de retaliação. Anteriormente, o governo venezuelano já havia classificado o bloqueio naval anunciado por Trump como uma "ameaça grotesca" e "pirataria internacional", prometendo que as apreensões "não ficarão impunes".
Detalhes da terceira interceptação
O petroleiro interceptado neste domingo foi identificado como Bella 1, que utilizava bandeira do Panamá. Segundo a Bloomberg, a embarcação estava a caminho da Venezuela para ser carregada com petróleo. A Reuters informou que o navio estava em águas internacionais e que a Guarda Costeira americana "estaria perseguindo" o petroleiro.
Um oficial disse à Reuters que o Bella 1 estava sob sanções econômicas dos EUA, em linha com o "bloqueio total" contra embarcações desse tipo anunciado pelo presidente Donald Trump na última terça-feira. No entanto, a apreensão do navio Centuries, ocorrida no sábado (20), envolveu uma embarcação que não constava na lista de sanções, indicando uma possível ampliação do critério de ação.
O primeiro petroleiro interceptado nesta sequência foi o Skipper, no dia 10 de dezembro. O governo Trump ainda não se manifestou oficialmente sobre a mais recente apreensão.
Estratégia de pressão para estrangular a economia venezuelana
As interceptações fazem parte de uma estratégia abrangente de pressão máxima do governo Trump contra Maduro. Esta estratégia inclui:
- Uma ampla mobilização militar no Mar do Caribe.
- Sobrevoos no espaço aéreo venezuelano.
- Bombardeios a embarcações suspeitas de tráfico de drogas.
- Sanções contra parentes de Maduro e empresas que atuam com o setor de energia da Venezuela.
O objetivo central é estrangulareconomicamente o regime, cuja sustentação depende fortemente da exportação de petróleo. A Venezuela possui as maiores reservas comprovadas do mundo, com cerca de 303 bilhões de barris, mas sua produção sofre com infraestrutura precária e, agora, com o cerco naval e financeiro internacional.
O petróleo pesado venezuelano é considerado ideal para as refinarias da Costa do Golfo dos EUA. Ao bloquear seu comércio, Washington busca simultaneamente favorecer sua própria indústria e desestabilizar Caracas. Os efeitos já são sentidos: reportagens indicam que a Venezuela começa a enfrentar falta de capacidade para armazenar o petróleo que não consegue exportar.
Consequências e reações no mercado global
A escalada das tensões entre EUA e Venezuela ocorre em um momento de relativa estabilidade no abastecimento global de petróleo. No entanto, analistas alertam que, se o embargo perdurar, a perda de quase um milhão de barris por dia no mercado pode pressionar os preços para cima.
A China, principal compradora do petróleo bruto venezuelano, tem recorrido a uma "frota fantasma" de navios-tanque que ocultam sua localização para burlar as sanções. Em dezembro, os embarques para o país asiático devem alcançar uma média de mais de 600 mil barris por dia.
Enquanto isso, a retórica de ambos os lados permanece acirrada. Susie Wiles, chefe de gabinete da Casa Branca, declarou em entrevista que Trump "quer continuar explodindo barcos até Maduro gritar 'tio'". Do outro lado, o governo venezuelano se mantém na defensiva, denunciando a campanha, mas sem anunciar contra-ataques concretos até o momento.
A situação configura um novo e perigoso capítulo na já longa crise entre os dois países, com ações militares diretas no mar aumentando significativamente o risco de um conflito mais amplo.