Lula Desfila por Brasília e Arremessa: 'Aqui Não Tem Motociata, Tem Povo nas Ruas'
Lula em Brasília: 'Aqui não tem motociata'

O clima na Esplanada dos Ministérios nesta quinta-feira era de festa — mas também de provocação política da pesada. Enquanto caminhava cercado por uma multidão vibrante, o presidente Lula não perdeu a chance de soltar uma farpa que ecoou por todo o Planalto Central.

"Aqui não tem motociata, tem povo nas ruas", disparou ele, num claro recado ao estilo de campanha do antecessor Jair Bolsonaro. E a ironia, diga-se de passagem, não passou despercebida por ninguém.

Um passeio que virou manifesto

O que começou como uma simples caminhada rapidamente se transformou num ato político cheio de simbolismo. Lula — de camisa social azul e sem a menor pressa — percorreu um trecho significativo da Esplanada, parando aqui e ali para selfies, abraços e, claro, mais algumas tiradas.

"É bom ver a democracia funcionando", comentou um senhor de chapéu de palha, enquanto tentava alcançar o presidente com o celular. A cena era mesmo dessas que marcam época: ministros, assessores, militantes históricos e curiosos formando um mosaico humano em movimento.

O contraste que fala por si

Difícil não comparar, né? De um lado, a imagem do governo anterior — muito associada a aglomerações em cima de motos, com direito a rojões e bandeiras. Do outro, essa caminhada pé-no-chão, lenta, quase despretensiosa.

E olha que o Lula nem precisou dizer muita coisa. O simples ato de caminhar — tão básico, tão humano — já carregava uma crítica potente. Parecia dizer, sem usar todas as palavras: "meu governo é assim, próximo, acessível, sem firulas".

Não foi um discurso formal, daqueles cheios de promessas. Foi conversa solta, quase de boteco — só que com o país inteiro ouvindo.

Reencontro com as bases

Dá pra dizer que essa foi a primeira grande caminhada pública de Lula desde o retorno ao Planalto. E que reencontro, hein? O cara parecia genuinamente feliz, sorrindo fácil, brincando com a segurança — que, por sinal, teve trabalho pra conter o entusiasmo popular.

Em vários momentos, a comitiva quase parou completamente, tal era a quantidade de pessoas querendo um minuto com o presidente. Teve até quem conseguisse entregar cartas e presentes diretamente nas mãos dele.

"É diferente quando você sente o calor das pessoas", observou uma professora que havia esperado três horas pelo evento. "Não é só discurso, é convivência."

O que fica desse dia histórico

Além da óbvia provocação política — que, convenhamos, foi magistralmente executada — o evento mostrou uma mudança de estilo na relação entre o presidente e a população.

Sem motos, sem barulho excessivo, sem aquela sensação de espetáculo pirotécnico. Apenas um homem de 77 anos caminhando e conversando, como se estivesse num domingo qualquer no parque.

Mas que ninguém se engane: por trás dessa simplicidade toda, havia uma estratégia política afiadíssima. E uma mensagem clara sobre que tipo de presidência Lula quer construir daqui pra frente.

O recado foi dado — e como! Agora é esperar para ver os desdobramentos nos próximos capítulos dessa novela que é a política brasileira.