Imaginem a cena: um jovem de 22 anos, rosto marcado pelo cansaço, mãos calejadas da tinta que não saía fácil, mas com um brilho nos olhos que nem a exaustão conseguia apagar. João Victor Silva não era só mais um ajudante de pintor – era um futuro advogado em construção, literalmente.
Enquanto muitos reclamavam de ter que estudar, ele suava na reforma da sede da OAB na Paraíba durante o dia, sonhando com o momento em que voltaria para aquelas mesmas salas, mas de terno e gravata, não de macacão manchado de tinta.
Noites em claro valeram cada minuto
Ah, as noites... enquanto a cidade dormia, João Victor mergulhava nos livros de direito. Processo civil, penal, constitucional – viraram sua segunda língua. "Chegava em casa morto de cansado, mas sabia que cada pincelada era um passo mais perto do sonho", conta ele, com aquela voz mista de orgulho e alívio.
Seu pai, o pintor José Carlos, nem precisava dizer nada. O olhar de admiração já dizia tudo. "Sempre soube que ele era diferente. Enquanto outros jovens estavam saindo, ele estava estudando. Dava orgulho, mas dava pena também, viu?"
O dia da virada
Quando saiu o resultado do exame da OAB, a emoção foi daquelas de cortar a respiração. João Victor não apenas passou – passou com folga. A notícia correu mais rápido que processo em juizado especial.
"Liguei para meu pai e não consegui falar nada. Só chorava. Ele achou que tinha acontecido algo ruim!" lembra, rindo da confusão emocional.
O que vem pela frente?
Agora, com a carteira da OAB fresquinha na mão, nossos planos são ambiciosos. Quero trabalhar com direito do consumidor – afinal, conheço como ninguém a realidade do trabalhador brasileiro.
E a moral da história? Talvez seja aquela que a gente já sabia, mas sempre esquece: não existem trabalhos pequenos, só sonhos grandes. E João Victor é a prova viva disso.
Ah, e o melhor? Seu primeiro cliente provavelmente será seu pai – que precisa de ajuda para formalizar sua pequena empresa de pintura. A vida tem dessas ironias lindas.
