
Não era exatamente o que ela imaginava. O calor úmido que abraça—e às vezes sufoca—quem chega ao Recife foi o primeiro choque. Mas Wei-Ling, uma estudante de 22 anos vinda de Taiwan, não veio para o conforto. Veio para sentir.
E sentiu. Cada calçada irregular, cada cheiro de comida de rua, cada olhar curioso dos recifenses. Ela não fez o roteiro turístico comum—oh, não. Preferiu perder-se de propósito. E que sorte a nossa que ela se perdeu.
Não era só uma caminhada—era uma imersão
Wei-Ling chegou ao Brasil com uma mochila, um português hesitante e uma curiosidade que falava mais alto que o medo. E olha, medo ela teve—quem não teria?—mas a vontade de conhecer o "outro lado do mundo" falou mais alto.
Seus passos a levaram para muito além do Marco Zero ou das praias badaladas. Ela descobriu becos com histórias não contadas, conversou com vendedores ambulantes que são filósofos de calçada, e—acreditem—até tentou dançar frevo sem tropeçar nas próprias pernas. (Spoiler: quase conseguiu.)
O que mais surpreendeu? A humanidade
Numa esquina qualquer do Recife Antigo, um senhor—que ela chama carinhosamente de "seu Carlos"—ofereceu-lhe um pedaço de bolo caseiro. Não queriam vender, não queriam nada em troca. Apenas compartilhar. "Isso não acontece assim em Taipei", confessou ela, ainda comovida.
E foram esses microencontros—breves, espontâneos, genuínos—que transformaram sua viagem numa coleção de momentos raros. Ela não fotografou apenas lugares; registrou sentimentos.
O recado que ela deixa—e que a gente precisa ouvir
Wei-Ling volta para Taiwan com uma bagagem cheia de histórias—e não, não são só lembranças de praias. São memórias de pessoas. De conversas tolas e sérias, de comidas exóticas e familiares, de medos superados e alegrias inesperadas.
Ela diz que o Brasil—aquele que vê nas notícias internacionais—é muito diferente do Brasil que pisou. E talvez aí esteja a beleza da coisa: não existem países bons ou ruins, existem experiências. E as dela, cá entre nós, foram extraordinárias.
Será que a gente, brasileiro, valoriza o que temos? Será que enxergamos a riqueza que há no simples, no cotidiano, no olhar no olho? Wei-Ling viu. E agora, conta.