O Rioprevidência, órgão responsável pelas aposentadorias do estado do Rio de Janeiro, está encerrando um dos três fundos de investimentos que mantinha administrados pela corretora do Banco Master. O objetivo é utilizar o dinheiro para garantir o pagamento dos benefícios de aposentados e pensionistas.
Operação em meio à liquidação do Banco Master
As movimentações financeiras começaram antes mesmo da liquidação do Banco Master pelo Banco Central e da prisão do banqueiro Daniel Vorcaro. Na próxima semana, está previsto o depósito de R$ 560 milhões na conta do Rioprevidência, valor que corresponde ao que restava no fundo Arena.
O Rioprevidência ainda não se pronunciou oficialmente sobre essas operações específicas. Entretanto, em nota divulgada na terça-feira (18), a autarquia garantiu que "o pagamento dos aposentados não está comprometido".
Vale destacar que o Rioprevidência não foi a única instituição pública que aplicou recursos no Banco Master. Atualmente, o estado do Rio de Janeiro possui 242 mil aposentados e pensionistas, com uma folha de pagamento mensal de aproximadamente R$ 1,9 bilhão.
Medidas para garantir pagamentos de fim de ano
O g1 apurou que uma série de operações financeiras foram iniciadas nos últimos meses para assegurar que aposentados e pensionistas recebam seus vencimentos neste final de ano. A primeira ação concreta foi o resgate de todo o dinheiro que constava no fundo Arena.
Em maio deste ano, o fundo de renda fixa em títulos públicos federais tinha R$ 1,1 bilhão. Os R$ 560 milhões que chegarão na próxima semana representam o valor remanescente neste fundo.
Este montante será somado aos recursos que o Rioprevidência já possui e será utilizado especificamente para quitar a folha de pagamento referente a novembro e à segunda parcela do 13º salário dos beneficiários.
Para fechar as contas de 2025, a Secretaria Estadual de Fazenda irá repassar R$ 1,1 bilhão ao Rioprevidência. Um detalhe importante: desde janeiro, o dinheiro dos royalties não vai mais diretamente para o caixa do Rioprev, como acontecia até dezembro de 2024. Agora, o Banco do Brasil recebe os repasses, envia para a Fazenda, que então disponibiliza o valor necessário para fechar as contas da autarquia.
Outros fundos ainda sob administração do Master
Com o resgate de R$ 560 milhões do fundo Arena, ainda restam investimentos do Rioprevidência em outros dois fundos administrados pela corretora do Master:
Revolution: Este fundo possui apenas 2 investidores, sendo um deles o Rioprevidência. O valor atual do fundo é de R$ 4,8 bilhões, com pouco mais de R$ 400 milhões pertencentes ao Rioprev. O fundo é composto por títulos públicos federais e crédito privado. A gestora aplicou o dinheiro em terrenos, shoppings e aplicou R$ 80 milhões em CDBs do Banco Master. Quando a liquidação do Master foi decidida pelo Banco Central, a gestora do Revolution já havia iniciado o processo para retirar o fundo do Master e levar para a administração de outro banco.
Texas: Outro investimento do Rioprevidência no valor de R$ 150 milhões. É um fundo previdenciário com resgate programado para 2033 e 2034. São 6 investidores neste fundo, incluindo o Rioprev. Não houve diversificação de investimentos - todas as aplicações são em ações da Ambipar. A empresa, conhecida por sua atuação em gestão de resíduos e projetos de sustentabilidade, entrou com pedido de recuperação judicial em 20 de outubro.
Posicionamento oficial do Rioprevidência
Em nota oficial, o Rioprevidência esclareceu que "é inverídica a informação de que o Banco Master seria destinatário de mais de R$ 2,6 bilhões em investimentos pela autarquia". Segundo o órgão, o valor efetivamente aplicado foi de aproximadamente R$ 960 milhões, em Letras Financeiras emitidas pela instituição entre outubro de 2023 e agosto de 2024, com vencimentos previstos para 2033 e 2034.
A autarquia ressaltou que atualmente está em negociação para substituir as letras por precatórios federais e garantiu que o pagamento de aposentadorias e pensões está garantido, não havendo qualquer risco para os segurados do Estado do Rio de Janeiro.
O Rioprevidência também destacou que, à época das aplicações, o Banco Master detinha autorização de funcionamento emitida pelo Banco Central do Brasil, credenciamento ativo junto ao Ministério da Previdência Social e classificação de risco de crédito de "grau de investimento" - rating nacional de longo prazo "A-", atribuído pela Fitch Ratings.
