Investimentos do RioPrevidência no Banco Master geram alerta sobre perdas bilionárias
O deputado estadual Luiz Paulo (PSD) emitiu um alerta preocupante sobre os investimentos realizados pelo RioPrevidência, fundo que gere aposentadorias e pensões do estado do Rio de Janeiro, no Banco Master. Segundo o parlamentar, os recursos aplicados no grupo financeiro, que totalizam R$ 2,6 bilhões de acordo com o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), "tendem a virar pó" após a intervenção do Banco Central e a prisão do dono do banco, Daniel Vorcaro, pela Polícia Federal.
Valores em risco e exemplos concretos
Os problemas nos investimentos não são meramente teóricos. O deputado cita o exemplo concreto de R$ 100 milhões que o RioPrevidência alocou em um fundo com ações da Ambipar, empresa que atualmente se encontra em recuperação judicial. As ações dessa empresa chegaram a cair 97% na última cotação, demonstrando o alto risco assumido pelo fundo de previdência.
Mais preocupante ainda é o fato de que o RioPrevidência continuou aplicando recursos no Banco Master mesmo quando os problemas da instituição já eram conhecidos. Um bilhão de reais foi investido entre outubro de 2023 e agosto de 2024, período em que a situação da instituição financeira já se mostrava crítica.
Além do fundo estadual, a Cedae também aplicou cerca de R$ 200 milhões em CDBs ligados ao Master, ampliando o prejuízo potencial para os cofres públicos do estado.
TCE já havia alertado sobre os riscos
A denúncia sobre esses investimentos de alto risco não é recente. Luiz Paulo apresentou a queixa ao TCE-RJ em outubro do ano passado, e desde então o tribunal vem emitindo alertas sobre a situação. O órgão chegou a determinar a paralisação dos investimentos pelo fundo de aposentadorias, mas os valores envolvidos só aumentaram desde 2024.
O deputado ressalta que mais de cem mil aposentados e pensionistas dependem desses recursos, colocando em risco um número significativo de pessoas que confiam no sistema previdenciário do estado.
Posicionamento do RioPrevidência
Em nota oficial, o RioPrevidência contestou o valor de R$ 2,6 bilhões citado pelo TCE-RJ, afirmando que o valor efetivamente aplicado foi de R$ 960 milhões em Letras Financeiras emitidas pelo Banco Master entre outubro de 2023 e agosto de 2024, com vencimentos previstos para 2033 e 2034.
A autarquia informou que está em negociação para substituir as letras por precatórios federais e garantiu que o pagamento de aposentadorias e pensões está seguro. O órgão destacou que o valor investido é inferior à folha mensal de R$ 1,9 bilhão paga aos aposentados e pensionistas, custeada principalmente por receitas de royalties e participações especiais.
O RioPrevidência também argumentou que, à época das aplicações, o Banco Master possuía autorização de funcionamento do Banco Central, credenciamento ativo no Ministério da Previdência Social e classificação de risco de crédito de "grau de investimento" pela Fitch Ratings.
A situação permanece em desenvolvimento, com a Polícia Federal investigando as operações do Banco Master e o TCE-RJ acompanhando de perto os desdobramentos que podem afetar milhares de beneficiários do sistema previdenciário fluminense.