INSS cancela aposentadoria e declara morto servidor que pedia pensão da esposa
INSS declara aposentado morto e corta benefício

Um servidor aposentado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) teve sua aposentadoria suspensa de forma irregular após ser erroneamente declarado como morto nos sistemas do próprio instituto. O caso, que expõe uma grave falha administrativa, só veio à tona quando o aposentado, Vanderlei Resende, de 75 anos, tentou solicitar a pensão por morte de sua esposa.

Descoberta do erro durante o luto

A situação começou com o falecimento de Maria de Fátima Rodrigues, também aposentada do INSS, no dia 17 de outubro deste ano. A família comunicou o óbito aos órgãos competentes e, em seguida, protocolou o pedido de pensão a que Vanderlei teria direito. No entanto, em vez de receber o novo benefício, o aposentado se deparou com uma negativa do INSS.

Ao recorrer da decisão e comparecer pessoalmente a uma agência, a verdade chocante foi revelada. Uma funcionária constatou que, nos sistemas do instituto, Vanderlei Resende também constava como falecido em 17 de outubro, exatamente a mesma data da morte de sua esposa. Com isso, além de não receber a pensão, ele teve sua aposentadoria regular suspensa, pois estava oficialmente "morto" para o INSS.

Tentativas de correção e crise financeira

A família tenta corrigir o erro cadastral desde outubro, mas até o dia 5 de dezembro, data da última atualização, os pagamentos ainda não haviam sido normalizados. Dalila, filha do casal, relatou ao g1 que o problema agravou o sofrimento da família, que já lidava com o luto e as burocracias do falecimento.

Sem a pensão de Maria de Fátima e sem a aposentadoria de Vanderlei, a família enfrenta uma crise financeira. Dalila expressou sua preocupação com outros cidadãos que podem passar por situações similares sem ter recursos para buscar seus direitos. "A gente está sem dinheiro, literalmente. A gente não sabe nem o que fazer", desabafou.

Resposta do INSS e pendências

Em resposta à família no dia 2 de dezembro, o INSS informou que a aposentadoria havia sido reativada em 28 de novembro. No entanto, para a retomada dos pagamentos, ainda era necessária uma autorização formal do Ministério da Gestão e Inovação. O instituto afirmou estar em contato com o ministério para agilizar o processo.

Quanto ao pedido de pensão por morte – inicialmente negado por falta de documentação que comprovasse a união estável –, o INSS informou que o recurso já está em tramitação e pode ser acompanhado pelo aplicativo Meu INSS.

Questionado sobre os motivos que levaram Vanderlei a ser registrado como falecido, o órgão não forneceu explicações. Limitou-se a afirmar que identificou "uma inconsistência cadastral" e que "já adotou as medidas para corrigir a situação".

Histórico de décadas de serviço

O caso ganha contornos ainda mais dramáticos ao se considerar a trajetória do casal. Tanto Vanderlei quanto Maria de Fátima dedicaram mais de 30 anos de suas vidas ao INSS. Ela trabalhou no apoio administrativo por 37 anos, e ele por 38 anos. Dalila destacou a ironia da situação: "Minha mãe... atendendo os segurados por 37 anos... nunca cometeu um erro como esse".

Agora, a família aguarda a normalização dos repasses e terá que lutar pelo ressarcimento das parcelas não pagas durante os meses em que o benefício esteve suspenso devido ao erro cadastral.