Lisa Cook e a Bomba sobre o Banco Central: 'Não Há Nada a Ser Feito' sobre a Dívida Pública
Lisa Cook: BC não resolve dívida pública; é problema fiscal

Parece que alguém finalmente resolveu dizer o que todo mundo pensa, mas ninguém no poder tem a coragem de falar. A economista Lisa Cook, uma das ex-conselheiras de Joe Biden, soltou a bomba: a questão da dívida pública brasileira está, basicamente, fora do alcance do Banco Central. Sim, leu direito.

Numa daquelas falas raras que cortam o bla-bla-bla técnico e vão direto ao ponto, Cook deitou e rolou sobre a nossa realidade económica. A conversa aconteceu num evento do BNP Paribas, em Nova Iorque, e foi capturada pela lupa afiada do colunista Matheus Leitão.

E a frase, dita com uma tranquilidade quase perturbadora, foi esta: “Não há nada a ser feito pelo Banco Central em relação à dívida pública. Isso é uma questão fiscal.” Pronto. Fechou o assunto. Jogou a batata quente directamente para o colo do Congresso e do Planalto, onde ela sempre deveria ter estado.

Traduzindo: O BC Não É Mágico

O que a Lisa Cook tá a dizer é o óbvio que umas certas autoridades teimam em ignorar. O Banco Central tem uma ferramenta principal – a taxa de juros – para controlar a inflação. Ponto final. Querer que ele resolva sozinho o rombo nas contas do governo é como usar um martelo para aparafusar uma prateleira. Não vai funcionar e ainda estraga a ferramenta.

Ela até reconheceu o esforço recente do BC, mas foi rápida em acrescentar: a autoridade monetária já fez a sua parte. Agora, a bola está com o governo. A equipe económica de Haddad precisa apresentar—e o Congresso precisa aprovar—um plano crível de ajuste fiscal. Sem isso, é enxugar gelo. Ou pior: é ficar dependente de juros altos por mais tempo do que seria necessário, o que estrangula qualquer chance de crescimento económico robusto.

O Elefante na Sala que Ninguém Quer Enxergar

É incrível como uma economista de fora consegue enxergar com tanta clareza o que aqui dentro muitos fingem não ver. A dívida pública é um problema fiscal, criado por décadas de desequilíbrio entre o que o governo gasta e o que arrecada. Esperar que os juros altos do BC façam esse serviço sujo é pura ilusão—e uma ilusão perigosa, diga-se de passagem.

Cook, com a experiência dela no Conselho de Conselheiros Económicos da Casa Branca, sabe do que fala. Ela viu de perto como políticas fiscais desastradas podem amarrar um país. E o seu aviso, ainda que dito numa sala em Nova Iorque, ecoa como um alerta grave para Brasília.

Enquanto isso, o mercado fica de olho, nervoso, esperando um sinal claro de seriedade por parte do governo. Porque no fim do dia, como bem lembrou a economista, a credibilidade é tudo. E sem ela, nem o melhor dos BCs consegue segurar a barra sozinho.