O mercado financeiro brasileiro acordou nesta sexta-feira, 21 de novembro de 2025, com uma sensação de déjà-vu institucional que trouxe de volta velhos fantasmas aos investidores. A combinação entre a indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal e a proposta de aumento de aposentadorias na Câmara criou o que especialistas já classificam como uma combinação tóxica para a economia.
Tempestade perfeita no Senado e Câmara
A indicação de Jorge Messias ao STF não passou despercebida no Senado, onde provocou reações intensas. Davi Alcolumbre demonstrou insatisfação com a escolha, já que tinha outro nome em mente para a vaga no Supremo. A sabatina do indicado promete ser conturbada, segundo análise do economista Daniel Teles em participação no Programa Mercado.
No mesmo dia, a Câmara dos Deputados apresentou uma pauta-bomba de R$ 6 bilhões destinada a ampliar aposentadorias de agentes de saúde. A coincidência temporal transformou um desgaste político em um problema orçamentário de grandes proporções.
Impacto direto no mercado e na confiança
Para Daniel Teles, a mensagem enviada ao mercado é extremamente negativa. Enquanto o governo tenta transmitir confiança sobre responsabilidade fiscal, avança um projeto que pressiona gastos permanentes, agrava projeções de dívida e sinaliza que o ajuste fiscal continua sem um plano crível.
O economista foi enfático ao afirmar que qualquer atrito político vira ruído fiscal no Brasil, exatamente o tipo de barulho que derruba o humor dos investidores e eleva o prêmio de risco do país.
Consequências para a economia brasileira
O timing dessa crise institucional não poderia ser pior. Enquanto a bolsa brasileira (B3) flertava com 159 mil pontos nas últimas semanas, especialistas alertam que o patamar poderia ser muito superior se o país não tropeçasse repetidamente nos mesmos obstáculos:
- Imprevisibilidade fiscal
- Comunicação truncada entre os Poderes
- Disputas de ego entre Planalto, Câmara e Senado
Para o investidor estrangeiro que decide se aporta dólares no Brasil ou não, o recado é claro: as finanças públicas seguem vulneráveis e cada briga política se transforma em custo adicional.
O resultado é um país que perde tração justamente quando ensaiava uma recuperação mais consistente. Com volatilidade global, decisão de juros nos EUA se aproximando e dados do mercado de trabalho americano atrasados pelo shutdown, o investidor já tem preocupações suficientes - e Brasília, como sempre, ajuda pouco e complica rápido.