Haddad rebate EUA: 'Proposta de tarifação é inconstitucional e inviável para o Brasil'
Haddad rebate EUA: tarifas são inconstitucionais

O clima entre Brasil e Estados Unidos aqueceu nesta semana — e não foi por causa do verão norte-americano. Fernando Haddad, ministro da Fazenda, soltou o verbo ao comentar as recentes pressões comerciais vindas de Washington.

"É como querer enfiar um pé de cabra num buraco de agulha", disparou o ministro, referindo-se à proposta de tarifação que os EUA tentam impor ao Brasil. Segundo ele, a medida seria "não só indesejável, mas constitucionalmente impossível".

O cerne da discórdia

Os detalhes? Bem, a Casa Branca insiste em medidas protecionistas que, na prática, estrangulariam setores estratégicos da indústria brasileira. Haddad foi categórico: "Temos mecanismos de defesa comercial, mas jamais contra nossos próprios interesses".

Não é de hoje que essa dança acontece. Desde 2023, os americanos aumentaram as cobranças sobre produtos brasileiros — aço, suco de laranja, até mesmo frango. Agora, querem mais. Muito mais.

Por que isso importa?

  • O Brasil exporta cerca de US$ 28 bilhões anualmente para os EUA
  • Setores como agropecuária e manufatura dependem desse fluxo
  • Qualquer barreira tarifária pode custar até 120 mil empregos diretos

Curiosamente, enquanto discursava, Haddad alternava entre dados técnicos e expressões populares — "isso é querer tirar leite de pedra" foi uma das pérolas. O tom oscilava entre o diplomático e o indignado.

Especialistas ouvidos pelo G1 lembram que a Constituição de 88 realmente estabelece cláusulas pétreas sobre comércio exterior. "Artigo 170, parágrafo 1°", ressalta um jurista, "proíbe acordos que sacrifiquem a soberania nacional".

E os EUA? Bem, segundo fontes do Itamaraty, continuam batendo na mesma tecla. "Eles insistem num modelo que beneficia apenas seu lado", comenta um diplomata que preferiu não se identificar.

Enquanto isso, na Esplanada dos Ministérios, o clima é de preparação para o contra-ataque. Haddad adiantou que já articula com outros países emergentes uma resposta conjunta. "Quando a água bate na bunda, a gente aprende a nadar", filosofou, misturando pragmatismo com humor típico brasileiro.

O próximo capítulo dessa novela? Deve se desenrolar na próxima reunião da OMC, marcada para setembro. Até lá, o Itamaraty promete "fogo nos canhões" — mas dentro dos limites constitucionais, é claro.