
Eis que os Estados Unidos dão uma trégua — mas só meia-boca. Reduziram o alcance das tarifas que ameaçavam virar um pesadelo para nossas exportações. Só que olha a pegadinha: café e carne, dois dos nossos carros-chefe, continuam na mira. Parece aquela história de "tirei o pé, mas não soltei o freio de mão".
O governo americano — sempre ele — anunciou ontem uma revisão nas medidas protecionistas. Aparentemente, ouviram alguns protestos internos. Mas adivinhem? Os produtos que mais doem no bolso do Brasil ficaram de fora do pacote de alívio. Conveniente, não?
Agro no fio da navalha
Os produtores rurais estão entre a cruz e a espada. Por um lado, respiram aliviados com a redução geral. Por outro... bem, os números falam por si:
- Café: 32% das exportações brasileiras ameaçadas
- Carne bovina: 27% do mercado em risco
- Frango: 15% das vendas externas na corda bamba
Não é brincadeira. O setor, que já vinha segurando as pontas com unhas e dentes, agora encara mais um round dessa queda de braço comercial. "É como jogar xadrez com as peças amarradas", desabafa um exportador de Minas que prefere não se identificar.
E aí, Trump?
Enquanto isso, o ex-presidente americano — sim, aquele mesmo — resolveu acender outro pavio. Desta vez, mirou diretamente o ministro Alexandre de Moraes com sanções financeiras pesadas. A jogada?
- Congelamento de quaisquer ativos nos EUA
- Proibição de transações com cidadãos americanos
- Restrições a empresas que mantenham relações
"Medida inédita e desproporcional", classificou um assessor do STF que pediu para não ser nomeado. Já de Washington, o tom foi outro: "defesa da democracia e dos interesses americanos". Sabe como é, cada um puxa a brasa pra sua sardinha.
O clima entre os dois países? Digamos que não está exatamente cheiroso. Enquanto o Itamaraty tenta acalmar os ânimos no front comercial, a bomba política explode com estilhaços que atingem até o Judiciário. E o Brasil, claro, fica no meio desse cabo de guerra.
O que esperar? Se depender dos analistas, mais turbulência pela frente. "Quando economia e política se misturam, o resultado raramente é pacífico", arrisca um veterano do mercado financeiro. Ele tem um ponto — e que ponto dolorido.