Um movimento silencioso está ganhando força nos gabinetes dos governos estaduais brasileiros. Diante do vazamento bilionário de receita para plataformas internacionais de apostas esportivas, os estados estudam uma resposta ousada: a legalização de cassinos e do tradicional jogo do bicho.
O Problema Bilionário
Estimativas conservadoras apontam que o Brasil perde anualmente cerca de R$ 8 bilhões em arrecadação potencial para sites de apostas sediados no exterior. Esse dinheiro, que poderia financiar saúde, educação e infraestrutura, escorre sem deixar rastros na economia nacional.
"É uma hemorragia financeira que precisa ser estancada", alerta um secretário de Fazenda que preferiu não se identificar. "Enquanto discutimos regulamentação, o dinheiro continua saindo do país."
A Solução Polêmica
Os estados avaliam duas frentes principais para recuperar essa receita:
- Cassinos em resorts turísticos: Modelo semelhante ao adotado em outros países, concentrando o jogo em áreas específicas para turistas
- Legalização do jogo do bicho: Regularização da tradicional modalidade que já movimenta bilhões na informalidade
O Debate Esquenta
Especialistas se dividem sobre a proposta. De um lado, economistas argumentam que a medida traria benefícios imediatos:
- Geração de empregos formais no setor de entretenimento
- Arrecadação de impostos para estados e municípios
- Controle mais efetivo sobre práticas abusivas
Do outro lado, pesquisadores em dependência química alertam para os riscos sociais:
- Aumento potencial do vício em jogos de azar
- Impacto sobre famílias de baixa renda
- Necessidade de ampliação da rede de apoio psicológico
O Cenário Internacional
Enquanto o Brasil debate, outros países já colhem os frutos da regulamentação. Nos Estados Unidos, estados como Nevada e Nova Jersey transformaram o jogo em importante fonte de receita. Em Portugal, a regulamentação das apostas esportivas em 2015 gerou aumento significativo na arrecadação.
"O mundo já percebeu que a proibição não funciona. O jogo existe, sempre existiu. A questão é como regulamentar de forma responsável", analisa um consultor internacional do setor.
Próximos Passos
Os governadores devem levar a proposta para discussão no fórum nacional de secretários de Fazenda. Paralelamente, deputados estaduais de várias unidades da federação preparam projetos de lei para viabilizar a medida.
O que está em jogo vai muito além de cassinos e bicheiros. A decisão pode redefinir como o Brasil lida com o comércio de jogos de azar e, principalmente, como recupera recursos que atualmente beneficiam outros países.
A aposta está sobre a mesa. Resta saber se os estados terão coragem de aceitá-la.