Erro Econômico: Por Que Controlar Preços dos Alimentos é uma Solução Perigosa
Controle de preços: solução perigosa para a inflação

Em meio ao debate sobre como combater a alta dos preços dos alimentos, uma proposta vem ganhando espaço: o controle artificial de preços pelo governo. No entanto, especialistas alertam que essa estratégia, aparentemente simples, pode gerar consequências devastadoras para a economia e para os próprios consumidores.

O que acontece quando o governo tenta controlar preços?

Quando o governo estabelece preços máximos para produtos essenciais, cria-se uma distorção no mercado. Os produtores, enfrentando custos crescentes, podem não conseguir vender seus produtos pelos preços determinados. O resultado? Desabastecimento e formação de mercados paralelos.

Como explica o economista Alexandre Schwartsman, essa medida ignora as leis básicas da economia: "Quando o preço está artificialmente baixo, o consumo aumenta enquanto a produção diminui". Essa equação não fecha e leva inevitavelmente à escassez.

Lições da história que não aprendemos

Não é a primeira vez que essa estratégia é testada. Durante o governo Collor, o congelamento de preços resultou em:

  • Prateleiras vazias nos supermercados
  • Formação de filas intermináveis
  • Mercado negro florescendo
  • Qualidade dos produtos em declínio

Mais recentemente, a Argentina vem demonstrando como o controle de preços pode destruir a capacidade produtiva de um país.

Por que os políticos insistem nessa solução?

O controle de preços é politicamente sedutor. Oferece uma resposta imediata e visível para a população que sofre com a alta dos alimentos. No entanto, é uma solução de curto prazo que cria problemas de longo prazo muito mais sérios.

Schwartsman destaca que "a demagogia econômica sempre parece atrativa no momento, mas a conta chega depois - e é mais cara".

A solução real passa por outro caminho

Em vez de tentar controlar artificialmente os preços, as medidas eficazes para combater a inflação alimentar incluem:

  1. Investimento em infraestrutura de transporte e armazenagem
  2. Redução de barreiras burocráticas para produção e comercialização
  3. Política monetária responsável
  4. Estímulo à concorrência no varejo

Estas medidas são menos visíveis no curto prazo, mas produzem resultados duradouros sem os efeitos colaterais devastadores do controle de preços.

O consumidor no centro do problema

Quem mais sofre com o controle artificial de preços é justamente o consumidor que a medida pretende ajudar. Sem produtos nas prateleiras, ele é obrigado a:

  • Gastar tempo em filas intermináveis
  • Recorrer ao mercado informal com preços ainda mais altos
  • Conformar-se com produtos de qualidade inferior

A ironia é cruel: a solução que promete baratear a vida torna-a mais cara e difícil.

O caminho para preços mais baixos e estáveis não passa pelo controle artificial, mas por políticas que aumentem a eficiência do mercado e a capacidade produtiva do país. Ignorar essa realidade, como alerta Schwartsman, é repetir erros do passado com consequências previsíveis e dolorosas.