O principal índice da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa, registrou uma alta significativa nesta segunda-feira, 15 de dezembro de 2025, impulsionado por dados econômicos que fortaleceram a tese de um corte na taxa de juros pelo Banco Central. Por volta das 11h30, o indicador subia 0,9%, chegando a 162.220,40 pontos, enquanto o dólar comercial avançava 0,41%, cotado a R$ 5,39.
Dados da atividade econômica surpreendem negativamente
O movimento otimista do mercado financeiro teve como estopim a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). Os números mostraram que a atividade recuou 0,2% em outubro na comparação com setembro. O resultado foi uma surpresa negativa, já que as expectativas do mercado apontavam para uma alta de 0,1%.
Para o analista da Levante Inside Corp, João Abdouni, o dado abaixo do esperado é um claro indicativo da desaceleração da economia brasileira. "Essa fraqueza na atividade eleva as estimativas para cortes na taxa Selic", afirmou o especialista, resumindo o sentimento que tomou conta do pregão.
Setores sensíveis aos juros ainda sofrem impacto
O economista sênior do Inter, André Valério, chamou a atenção para a contradição entre o resultado do IBC-BR e as estatísticas setoriais do IBGE, que haviam apontado crescimento nos três principais setores da economia. Ainda assim, o índice do BC mostrou recuo de 0,7% na indústria e de 0,2% em serviços.
Valério explica que, nos segmentos mais sensíveis à política monetária, os efeitos de uma taxa de juros elevada ainda são persistentes. "A indústria, setor intensivo em capital, apresentou resultados fracos em diversos grupos", comentou. Diante desse cenário, sua projeção é de uma acomodação do crescimento no último trimestre, com o PIB apresentando estabilidade e o ano fechando com uma alta de 2,2%.
Mercado já precifica redução da Selic para março
A reação imediata do mercado financeiro foi antecipar os cortes na taxa básica de juros. Os juros futuros para abril de 2026 recuavam 0,07 ponto percentual, atingindo 14,78%. Esse movimento reforça a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicie o ciclo de cortes já em sua reunião de março, uma vez que o contrato para janeiro de 2026 estava em 14,9%.
Gustavo Trotta, especialista e sócio da Valor Investimentos, destacou o mecanismo por trás da alta da bolsa. "A baixa dos juros causa um fluxo de capital da renda fixa para a renda variável, o que provoca a alta da Bolsa", explicou. Ele também citou o boletim Focus, que mostrou nova queda nas projeções para a inflação, melhorando o humor dos investidores.
Trotta ainda lembrou que o cenário externo contribuiu para o bom desempenho, com o mercado aguardando o relatório de empregos dos Estados Unidos, previsto para terça-feira, 16. "O desempenho do mercado reflete tanto o fluxo externo positivo, quanto os dados da economia doméstica", concluiu o especialista.
