Flávio Bolsonaro é indicado por Bolsonaro para 2026; mercado reage com queda
Bolsonaro indica Flávio como candidato; dólar sobe 3%

O cenário político para as eleições de 2026 foi sacudido nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, com um anúncio que repercutiu fortemente nos mercados financeiros. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou publicamente que foi escolhido por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, para ser o candidato do bolsonarismo à Presidência da República no próximo ano.

Anúncio oficial e reação do partido

Através de uma publicação em sua conta na rede social X, Flávio Bolsonaro assumiu a missão. "É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação", escreveu o parlamentar.

A indicação foi previamente comunicada à cúpula do Partido Liberal (PL). Valdemar Costa Neto, presidente da legenda, disse à agência Reuters que Flávio o informou sobre a ratificação feita por Bolsonaro. "Confirmado. Flávio me disse que o nosso capitão ratificou sua candidatura. Bolsonaro falou, está falado. Estamos juntos", declarou Valdemar.

É importante destacar que Jair Bolsonaro encontra-se preso após condenação por tentativa de golpe de Estado e está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas segue sendo uma voz influente dentro de seu grupo político.

Impacto imediato nos mercados financeiros

A notícia foi recebida com extrema negatividade pelo mercado financeiro. Os investidores reagiram vendendo ações e buscando proteção em ativos considerados mais seguros. O resultado foi uma forte turbulência:

  • O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, despencou mais de 4%.
  • A cotação do dólar frente ao real avançou cerca de 3%.
  • As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) dispararam mais de 50 pontos-base, indicando expectativa de aperto monetário ou maior risco.

O movimento reflete uma avaliação negativa dos agentes econômicos sobre as implicações políticas da candidatura de Flávio Bolsonaro.

Preocupação com o cenário eleitoral e alianças

Os investidores vinham apostando suas fichas em outra figura da direita: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Tarcísio é visto pelo mercado como um nome com maior potencial para atrair o eleitorado de centro e construir pontes para uma ampla aliança capaz de derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.

A indicação de Flávio Bolsonaro é interpretada como um obstáculo a esse projeto. Analistas acreditam que o senador teria mais dificuldade para ampliar o leque de alianças além da base bolsonarista mais fiel.

André Perfeito, economista-chefe da Garantia Capital, resumiu a apreensão: "Ainda é cedo para cravar, mas a decisão 'implode' possíveis alianças entre centro e direita para o ano que vem". Ele complementou que o mercado apostava em Tarcísio para construir essas alianças e pavimentar uma vitória da direita, e que agora é preciso avaliar se Flávio conseguirá reunir um espectro político tão amplo.

A preocupação central do mercado financeiro com o governo Lula tem sido a condução da política econômica, alvo de diversas críticas. A expectativa era de uma candidatura de oposição com alto poder de agregação. A indicação de Flávio Bolsonaro, ao menos no primeiro momento, pareceu aos investidores reduzir as chances desse cenário se concretizar, aumentando a incerteza e provocando a fuga para a segurança observada nas cotações.