6 mulheres processam dona do Tinder e Hinge por acolher estupradores
Vítimas processam dona do Tinder e Hinge nos EUA

Um grupo de seis mulheres que foram vítimas de agressões sexuais nos Estados Unidos moveu uma ação judicial contra a Match Group, empresa controladora dos populares aplicativos de relacionamento Tinder e Hinge. A queixa, apresentada nesta terça-feira, 15 de dezembro de 2025, acusa a companhia de "acolher estupradores" em suas plataformas através de negligência e por manter um produto considerado "defeituoso".

Denúncia detalha negligência da empresa

As vítimas, que tiveram suas identidades preservadas, são apoiadas por quatro escritórios de advocacia. Elas afirmam que a Match Group, mesmo após receber denúncias contra usuários agressores, permitiu que seus perfis permanecessem ativos, dando assim um aval para a ação de "predadores sexuais". O processo de 54 páginas alega que a empresa não alerta adequadamente seus usuários sobre riscos e, pior, recomenda ativamente predadores conhecidos a outros membros.

"Os estupradores sabem que cada plataforma do Match Group oferece um catálogo de vítimas disponíveis", diz um trecho da denúncia. O caso central mencionado é o do médico Stephen Matthews, condenado em agosto a uma pena que varia de 158 anos à prisão perpétua por 35 acusações de drogar e agredir sexualmente 11 mulheres entre 2019 e 2023.

Perfil de condenado permaneceu ativo por anos

Apesar de a Match Group alegar ter "banido permanentemente" Matthews, a ação judicial aponta que a conta do médico permaneceu ativa por cerca de três anos após a primeira denúncia, que ocorreu em 2020. A queixa afirma que o perfil chegou a ser colocado como "destaque" no aplicativo. Somente em 2023, após outra vítima procurar a polícia em Denver, a situação foi efetivamente interrompida.

O processo também cita uma investigação de 18 meses realizada pelo Dating App Reporting Project e publicada pelo jornal britânico The Guardian em fevereiro. A reportagem indicava que a controladora já tinha conhecimento da dimensão dos problemas de segurança há anos, mas optou por manter essas informações em sigilo.

Falhas de design e brechas de segurança

A ação destaca falhas específicas no design dos aplicativos que facilitam a ação dos agressores. No Hinge, por exemplo, o processo alega que o design é "defeituoso" porque permite que o agressor desfaça o match com uma vítima antes que ela possa denunciá-lo, apagando assim um canal de prova.

Além disso, testes mencionados no relatório do Guardian revelaram que, até o início de 2025, usuários que haviam sido banidos do Tinder conseguiam retornar à plataforma sem a necessidade de alterar dados básicos como nome, data de nascimento ou foto de perfil, demonstrando uma falha grave nos sistemas de verificação e banimento.

As seis mulheres buscam reparação por danos e mudanças estruturais nas políticas de segurança da empresa. O caso coloca sob os holofotes a responsabilidade das plataformas de dating na proteção de seus usuários e questiona até que ponto a busca por crescimento e engajamento tem priorizado a segurança das pessoas, especialmente das mulheres, que são as principais vítimas desses crimes.