Mãe de Santo na Paraíba Denuncia Racismo Religioso: Entenda a Diferença Crucial da Intolerância
Mãe de santo denuncia racismo religioso na PB

Uma mãe de santo da Paraíba está no centro de um caso emblemático que expõe a violência contra religiões de matriz africana no Brasil. A liderança religiosa moveu uma ação na Justiça após sofrer ataques constantes, mas o que chama atenção é a qualificação jurídica do crime: racismo religioso, e não simplesmente intolerância religiosa.

Diferença que importa: racismo versus intolerância

Enquanto a intolerância religiosa ataca crenças individuais, o racismo religioso tem um caráter mais profundo e perverso. Ele atinge tradições religiosas historicamente perseguidas por estarem vinculadas a grupos raciais específicos, como as religiões afro-brasileiras.

O juiz responsável pelo caso deixou claro: quando os ataques são direcionados a terreiros, mães e pais de santo, estamos falando de racismo religioso, pois a motivação vai além da discordância doutrinária - é um ataque à identidade cultural e racial de um povo.

As consequências legais da distinção

A diferença não é apenas semântica, mas traz implicações jurídicas significativas:

  • Intolerância religiosa: crime previsto no artigo 208 do Código Penal, com pena de 1 a 3 anos de detenção
  • Racismo religioso: enquadrado na Lei do Racismo (7.716/89), crime inafiançável e imprescritível

A decisão do magistrado paraibano representa um avanço importante no reconhecimento da dimensão racial por trás da perseguição às religiões de matriz africana.

O caso concreto na Paraíba

A mãe de Santo relatou em depoimento os constantes ataques sofridos por praticar sua fé. As agressões não se limitavam a críticas às suas crenças, mas incluíam elementos de discriminação racial e ataques à sua ancestralidade.

O terreiro, espaço sagrado para as comunidades tradicionais de matriz africana, foi alvo de vandalismo e ameaças que ultrapassavam a simples intolerância religiosa, configurando um claro caso de racismo.

Um precedente importante

Esta decisão judicial na Paraíba estabelece um precedente significativo para outros casos semelhantes em todo o país. Ela reforça a compreensão de que atacar religiões de matriz africana não é apenas uma questão religiosa, mas sim uma forma de racismo que precisa ser combatida com todo o rigor da lei.

O caso ressalta a importância de identificar corretamente essas violências para que as vítimas tenham acesso à justiça de forma efetiva e para que a sociedade enfrente o problema em sua real dimensão: estrutural e racial.