Justiça do Trabalho condena empresa por racismo religioso após demissão de gari umbandista no DF
Justiça reconhece racismo religioso em demissão de gari umbandista

Numa decisão que ecoa como um grito por respeito à diversidade, a Justiça do Trabalho do Distrito Federal acabou de reconhecer o que muitos já sabiam: a demissão de um gari por usar guias de umbanda no trabalho foi, sim, um caso escancarado de racismo religioso.

O caso — que poderia ser mais um na estatística silenciosa da intolerância — ganhou contornos de marco jurídico. O trabalhador, que preferiu não ter o nome divulgado, foi sumariamente dispensado após anos de serviço impecável. O motivo? Suas guias sagradas, símbolos de fé e identidade.

O peso da guia no pescoço e no emprego

Não foi uma segunda-feira qualquer quando o funcionário recebeu a notícia. "Você está dispensado", disseram. As justificativas? Vagas. Inconsistentes. A verdade estava nas entrelinhas — ou melhor, nas contas coloridas que ele carregava com orgulho.

"É como se pedissem para eu escolher entre minha espiritualidade e meu sustento", desabafou o gari em depoimento. Uma escolha que, convenhamos, ninguém deveria ser forçado a fazer.

Quando a lei veste as guias da justiça

A sentença veio carregada de simbolismo. O juiz não apenas ordenou a reintegração (que o trabalhador recusou, preferindo seguir em frente) como determinou:

  • Pagamento de indenização por danos morais
  • Registro em carteira do período de desemprego forçado
  • Doação de cestas básicas para terreiros da região

Não foi só uma vitória individual — foi um recado para todas as empresas que ainda acham que fé tem cor, formato ou código de vestimenta.

O racismo que varrem para debaixo do tapete

O caso escancara uma realidade incômoda: enquanto o Brasil se vende como país da diversidade, nas ruas e escritórios a intolerância veste terno e gravata. E pior — usa o poder hierárquico para calar expressões religiosas que fogem do "padrão".

"Isso não é sobre um colar", defendeu a advogada do caso. "É sobre o direito de existir como você é, sem pedir licença."

E enquanto a poeira não baixa — porque convenhamos, casos como esse são só a ponta do iceberg — fica a lição: nenhuma vassoura é grande o suficiente para varrer a diversidade para debaixo do tapete. A Justiça, pelo menos desta vez, mostrou que está de olho.