Muro que isolou comunidade rural é derrubado após ordem judicial
A estrada do bairro Paiolinho, em Camanducaia (MG), foi finalmente liberada na manhã desta sexta-feira (7) após uma decisão judicial determinar a derrubada de um muro que bloqueava completamente a via. A estrutura impedia a passagem dos moradores do bairro rural Paio Grande de Baixo, que ficaram completamente isolados da área urbana do município durante 12 dias consecutivos.
Conflito que paralisou a comunidade
O muro havia sido construído no final de outubro por uma moradora que alegava ter autorização judicial para erguer a barreira. No entanto, a construção bloqueou a única estrada de acesso dos residentes à cidade, impedindo-os de realizar atividades básicas como comprar alimentos, medicamentos e se deslocar para o trabalho.
A situação só foi resolvida após a intervenção do juiz da 1ª Vara de Camanducaia, que assinou na quinta-feira (6) a decisão determinando a demolição do muro em até 48 horas. Os trabalhos de destruição começaram ainda durante a madrugada, e a via foi completamente liberada poucas horas depois.
Alívio e comemoração entre os moradores
Para os moradores que estavam isolados há quase duas semanas, a retirada do muro foi motivo de grande alívio e celebração. O aposentado Francinaldo Bandeira Sales não escondeu a felicidade: "Estamos muito felizes porque estávamos ilhados há 12 dias. A gente não podia ir à cidade comprar os insumos básicos do dia a dia, então fomos muito prejudicados. Mas agora é só alegria. Vamos buscar nossos direitos na Justiça, porque paramos nossas vidas por 12 dias".
O pedreiro Daniel Braga também relatou os prejuízos sofridos: "Foram 12 dias parado, literalmente parado. Tenho uma obra em Bragança Paulista e não consegui trabalhar. Hoje tem 12 dias que não vejo minha esposa, meus filhos, meus netos".
Base legal da decisão
Segundo o advogado dos moradores, Henrique Amaral, a decisão judicial foi baseada em constatações técnicas da prefeitura municipal. "O juiz da 1ª Vara de Camanducaia decidiu pela demolição após a prefeitura confirmar, por imagens de satélite e vistorias, que aquela estrada era a única via de acesso da comunidade", explicou o advogado.
O caso ainda não está completamente encerrado. Uma audiência de conciliação entre as partes foi marcada para o dia 10 de fevereiro de 2026. Além disso, conforme explicou Amaral, os moradores têm o direito de acionar judicialmente a moradora responsável pela construção do muro por danos morais, buscando reparação pelos prejuízos sofridos durante o período de isolamento forçado.