Diretor de esportes investigado por injúria racial a socorrista no RS
Investigação por injúria racial contra socorrista no RS

Diretor é investigado por recusar atendimento de socorrista negro

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul abriu um inquérito para investigar um caso de suposta injúria racial envolvendo o diretor de esportes da prefeitura de Sentinela do Sul, cidade localizada a aproximadamente 100 quilômetros de Porto Alegre. O fato ocorreu quando o servidor público recusou ser atendido por um socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por motivos raciais.

De acordo com o delegado Luciano Rodrigues, responsável pela investigação, o diretor teria declarado que "não queria ser atendido por um negro, mas sim por um branco". O episódio aconteceu na noite do dia 14 de novembro, quando Airton Stein, diretor da Secretaria de Turismo, Desporto e Cultura do município, foi baleado durante um tiroteio ocorrido em frente ao Ginásio de Esportes Laranjão.

Tiroteio durante campeonato de futsal

O incidente violento aconteceu durante uma partida do 22º Campeonato Citadino de Futsal de Sentinela do Sul. Segundo as investigações iniciais, o alvo real dos disparos era um motoboy, que acabou morrendo no local. Um dos tiros atravessou o portão do ginásio e atingiu Stein pelas costas enquanto ele estava dentro do complexo esportivo.

Testemunhas relataram à polícia que, quando a equipe do Samu chegou para prestar os primeiros socorros, o diretor ferido teria se recusado a receber atendimento do socorrista negro. Apesar da recusa inicial, Stein foi levado para um hospital da cidade e posteriormente transferido para Porto Alegre, onde passou por cirurgia e recebeu tratamento médico adequado.

Histórico de investigação similar

O delegado Rodrigues revelou que esta não é a primeira vez que o diretor é investigado por suposta injúria racial. Há cerca de três anos, ele já teria sido alvo de investigação similar por supostamente ofender uma servidora da prefeitura com termos racistas. Na ocasião, o caso foi arquivado devido à falta de provas suficientes para sustentar a denúncia.

Diferentemente do ocorrido anteriormente, o atual caso conta com múltiplas testemunhas que presenciaram a situação. O socorrista vítima da discriminação optou por não registrar ocorrência policial por medo de possíveis represálias. No entanto, a Polícia Civil decidiu instaurar o inquérito devido à grande repercussão do caso, conforme prevê a legislação brasileira para crimes dessa natureza.

O delegado informou que na segunda-feira, dia 24 de novembro, as testemunhas serão oficialmente chamadas para prestar depoimento e contribuir com as investigações. Caso seja comprovada a responsabilidade do diretor, ele deverá ser indiciado por injúria racial.

A prefeitura de Sentinela do Sul foi procurada pelo g1 para se manifestar sobre o caso, mas ainda não se pronunciou oficialmente. Entretanto, na última quarta-feira (19), o Executivo Municipal publicou uma nota em suas redes sociais afirmando que "circulam nas redes sociais notícias de que um servidor do Município teria sido vítima de racismo" e que a administração municipal não havia recebido nenhuma denúncia formal sobre os fatos, mas se comprometeu a apurá-los caso seja oficialmente notificada.