Uma espera angustiante de dez anos está prestes a chegar ao fim. O ex-coroinha que acusou um padre de cometer estupro contra ele finalmente terá sua voz ouvida pelo Poder Judiciário. O caso, que choca pela demora na tramitação, ganhou novo capítulo com a marcação da tão aguardada oitiva da vítima.
Longo caminho até a audiência
O processo judicial que corre na 1ª Vara do Crime de Organização Criminosa e de Lavagem de Dinheiro de Santos, no litoral paulista, teve sua próxima movimentação marcada para 18 de novembro. Nesta data histórica, o homem que na infância serviu como coroinha prestará seu depoimento sobre os traumáticos eventos que alega ter sofrido.
As investigações apontam que os supostos abusos ocorreram quando a vítima tinha entre 12 e 13 anos, durante o período em que atuava como coroinha na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, localizada no bairro do Boqueirão, em Santos.
Padre responde por múltiplos crimes
O clérigo denunciado, identificado como Edson Manoel dos Passos, enfrenta graves acusações perante a Justiça. Ele responde criminalmente pelos crimes de:
- Estupro de vulnerável
- Corrupção de menores
- Posse de material com conteúdo de pornografia infantil
As evidências contra o religioso incluem fotos e vídeos de conotação sexual envolvendo menores de idade, encontrados em seu aparelho celular durante as investigações policiais.
Outras vítimas no caso
O processo judicial revela que o ex-coroinha não foi a única vítima dos supostos crimes do padre. Outro adolescente, que também atuava como coroinha, foi identificado nas investigações como tendo sofrido abusos semelhantes.
"As investigações apontam que o padre pedia para os coroinhas ficarem nus no banheiro da igreja e tirava fotos e vídeos", detalha trecho do processo que descreve a metodologia dos supostos crimes.
Repercussão e justiça tardia
Este caso emblemático levanta importantes questionamentos sobre a efetividade da Justiça brasileira em crimes envolvendo abuso sexual de menores, especialmente quando os acusados ocupam posições de autoridade e confiança na comunidade.
A demora de uma década para que a vítima tenha seu depoimento oficialmente colhido ilustra os desafios que sobreviventes de abuso sexual enfrentam em sua busca por justiça no Brasil.
A sociedade aguarda ansiosamente os próximos capítulos deste processo que, independentemente do desfecho, já se tornou um símbolo da luta contra a impunidade em casos de violência sexual contra menores.