Brasil questiona Portugal sobre agressão grave a estudante de 9 anos
A Embaixada do Brasil em Lisboa solicitou formalmente explicações ao governo português sobre as medidas adotadas após a agressão grave a um estudante brasileiro de 9 anos em uma escola pública de Cinfães, no distrito de Viseu. O incidente, que ocorreu em data anterior a 18 de novembro de 2025, resultou na amputação das pontas de dois dedos da criança.
Detalhes do caso e resposta institucional
Em comunicado divulgado na terça-feira, 18 de novembro, a Embaixada brasileira informou que tanto a representação diplomática em Lisboa quanto o Consulado-Geral do Brasil no Porto mantêm contato próximo com a família da vítima. O embaixador Raimundo Carreiro enviou ofícios oficiais para a ministra da Administração Interna e para o ministro da Educação de Portugal, solicitando detalhes sobre as providências tomadas e os desdobramentos do caso.
O Ministério da Educação português já determinou a abertura de uma investigação através da Inspeção-Geral da Educação e Ciência, que instaurou um processo de averiguações a pedido da Direção-Geral de Estabelecimentos Escolares. Paralelamente, o Agrupamento de Escolas de Souselo iniciou um inquérito interno para apurar todas as circunstâncias do ocorrido.
Relato da mãe e gravidade das lesões
A mãe do menino, Nivia Estevam, utilizou as redes sociais para relatar o episódio traumático. Segundo seu testemunho, duas crianças teriam prendido os dedos do filho na porta do banheiro, impedindo que ele saísse para pedir ajuda. A vítima perdeu significativa quantidade de sangue e precisou arrastar-se para fora do local para conseguir auxílio.
O estudante foi submetido a uma cirurgia de três horas no Hospital de São João, no Porto, e, de acordo com a mãe, ficará com sequelas físicas e psicológicas permanentes. Nivia também criticou a atuação da escola, alegando que outras agressões anteriores - incluindo puxões de cabelo e enforcamento - já haviam sido comunicadas à direção sem que medidas preventivas fossem tomadas.
No dia do incidente, segundo o relato familiar, a direção da escola não acionou imediatamente as autoridades competentes e o local teria sido limpo antes da chegada da família, o que poderia ter comprometido evidências importantes.
Defesa da escola e apoio jurídico à família
A defesa da instituição de ensino afirmou que os procedimentos de socorro foram acionados de forma adequada, mas não forneceu detalhes específicos devido ao andamento do inquérito interno. Enquanto isso, a família recebeu solidariedade concreta da comunidade jurídica.
Um grupo de 15 advogados se ofereceu para representar gratuitamente a família do estudante brasileiro. A equipe jurídica deve formalizar uma queixa ao Ministério Público e atuar nas esferas administrativa, civil e, possivelmente, criminal, buscando responsabilização pelos danos sofridos pela criança.
O caso continua sob investigação das autoridades portuguesas, enquanto a Embaixada brasileira acompanha de perto todos os desdobramentos, garantindo os direitos do jovem estudante e de sua família.