Um adolescente palestino-americano de 16 anos recuperou a liberdade nesta quinta-feira (27) após passar quase cinco meses detido em uma prisão israelense sem ter direito a audiência judicial. Mohammed Zaher Ibrahim estava preso desde fevereiro, quando tinha apenas 15 anos de idade.
As circunstâncias da detenção
O jovem foi preso na casa de sua família em Silwad, território palestino da Cisjordânia ocupado por Israel. As autoridades israelenses acusaram Mohammed de atirar pedras contra colonos israelenses que vivem em assentamentos na região, alegação que é veementemente negada por seus familiares.
Segundo relatos de parentes, durante a prisão o adolescente foi algemado, vendado e transportado para a prisão de Megido, local conhecido por receber prisioneiros palestinos. A família só pôde reencontrá-lo após a libertação, quando o levaram imediatamente para um hospital devido aos supostos maus-tratos sofridos durante o período de custódia.
Intervenção internacional e apelo familiar
Mohammed é o caçula de cinco filhos em uma família palestino-americana que alterna residência entre Silwad e Palm Bay, na Flórida. Por possuir dupla cidadania, seu caso ganhou dimensão internacional e atraiu a atenção de autoridades americanas.
Seu pai, Zaher Ibrahim, fez um apelo direto às autoridades dos Estados Unidos para que interviessem junto a Israel. Em carta enviada ao deputado republicano Mike Haridopolos, ele descreveu a prisão de Megido como "notória pela brutalidade e sofrimento".
"Solicitamos gentilmente algum apoio neste assunto. Já esgotamos todos os recursos locais aqui em Israel e não temos outra opção a não ser pedir aos nossos representes no escritório local da Flórida que intercedam em nosso nome", escreveu o pai desesperado.
Repercussão política e tensões na região
O caso de Mohammed mobilizou uma campanha popular por sua libertação e chegou ao Congresso americano. Em outubro, 27 parlamentares do Partido Democrata enviaram uma carta ao governo Trump pedindo esforços mais intensos para pressionar Israel a libertar o adolescente.
Em comunicado divulgado na quarta-feira (26), o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, defendeu a detenção, afirmando que Mohammed cometeu "um crime grave e potencialmente fatal" e que o tribunal seguiu o devido processo legal.
O episódio ocorre em um contexto de aumento das tensões na Cisjordânia, onde relatos de ataques de colonos israelenses contra palestinos têm se multiplicado nos últimos meses. A região é parcialmente governada pela Autoridade Palestina, controlada pelo Fatah, partido que não mantém relação com o grupo Hamas.
Vale destacar que palestinos na Cisjordânia estão sujeitos à lei militar israelense, que considera o ato de jogar pedras um crime grave, enquanto israelenses no mesmo território respondem a um Código Penal separado.
Segundo organizações não governamentais locais, aproximadamente 350 palestinos menores de idade encontram-se atualmente detidos por Israel, com o caso de Mohammed Zaher Ibrahim ganhando especial destaque por envolver um adolescente com cidadania americana.