Campinas lidera vendas de imóveis novos em 2025 com 7.141 unidades no 1º semestre
Campinas lidera vendas de imóveis novos em 2025

O mercado imobiliário da região de Campinas, no interior de São Paulo, vive um momento de forte aquecimento nas vendas, consolidando-se como líder entre as áreas analisadas pelo Secovi-SP no primeiro semestre de 2025. Os dados, divulgados pelo Sindicato da Habitação em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, mostram um ritmo impressionante de negócios, mas também acendem um alerta para o futuro.

Um imóvel vendido a cada 38 minutos

O desempenho do terceiro trimestre de 2025 foi especialmente significativo. Foram comercializadas 3.249 unidades novas entre julho e setembro, um número que representa um crescimento expressivo de 50,1% em comparação com o mesmo período de 2024, quando foram vendidos 2.283 imóveis. Essa performance fez com que, na prática, um imóvel novo fosse negociado a cada 38 minutos na microrregião.

Esse volume coloca a área de Campinas em uma posição de destaque nacional, ficando atrás apenas da região metropolitana de São Paulo, que registrou 3.517 vendas no mesmo trimestre. O estudo considera, além do município de Campinas, as cidades de Hortolândia, Indaiatuba, Sumaré, Valinhos e Bragança Paulista, que juntas abrigam uma população estimada em 2,3 milhões de pessoas.

Vendas em alta, mas lançamentos em queda preocupante

No acumulado dos nove primeiros meses de 2025, os números confirmam a tendência positiva. Foram vendidas 10.475 unidades novas na região, um aumento de 24,6% frente às 8.406 unidades negociadas no mesmo intervalo de 2024.

Contudo, um dado contrastante chama a atenção e preocupa especialistas do setor. Enquanto as vendas disparam, o número de lançamentos de novos empreendimentos registrou uma queda de 12%. De janeiro a setembro de 2025, foram ofertadas 8.693 novas unidades, contra 9.882 no mesmo período do ano anterior.

Kelma Camargo, diretora da Regional do Secovi-SP, avalia que Campinas vive "um ótimo momento nas vendas de imóveis", mas que o mercado está em um "compasso de espera quanto a novos lançamentos". Ela explica que o aquecimento atual foi sustentado por uma oferta robusta acumulada, mas que a redução nos novos projetos pode ter reflexos diretos.

"Mantivemos o mercado aquecido com alta nas vendas porque tínhamos uma oferta bem expressiva. Porém, no terceiro trimestre tivemos uma baixa nos lançamentos e isso pode afetar o mercado em 2026", alerta a diretora.

O futuro depende da outorga onerosa

Segundo Kelma Camargo, a retomada dos lançamentos está intimamente ligada a uma definição da Prefeitura de Campinas sobre a outorga onerosa. Este instrumento é uma concessão do Poder Público que permite ao empreendedor construir além do coeficiente básico de aproveitamento do terreno, mediante o pagamento de uma contrapartida financeira. O valor dessa outorga impacta diretamente a viabilidade econômica dos novos projetos.

"Se não houver essa deliberação e a outorga não ficar em patamares razoáveis e couber dentro do bolso da construção dos imóveis, nós ainda vamos viver 2026 sem lançamentos", destaca a diretora do Secovi-SP, enfatizando a urgência do tema.

Procurada, a prefeitura de Campinas informou que um novo projeto de lei sobre o assunto já está em discussão. A proposta será apresentada em uma audiência pública marcada para o dia 15 de dezembro, onde entidades do setor imobiliário e a população em geral poderão participar dos debates e apresentar sugestões.

O desfecho dessa discussão será crucial para determinar se o vigor atual das vendas na região conseguirá ser sustentado por uma nova leva de empreendimentos, ou se o mercado enfrentará um período de escassez de oferta nova a partir do próximo ano.