O Papa Leão XIV intensificou suas críticas às políticas de imigração do presidente americano Donald Trump, denunciando o que chamou de tratamento "extremamente desrespeitoso" contra estrangeiros nos Estados Unidos. Em pronunciamento realizado na noite de terça-feira, 19 de novembro de 2025, o primeiro pontífice americano da história da Igreja Católica expressou preocupação com relatos de violência durante as deportações em massa promovidas pelo governo republicano.
Críticas às políticas de Trump
Durante coletiva com jornalistas, o líder católico manifestou apoio explícito à declaração da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), que condenou as operações do ICE - agência de imigração americana. Leão XIV classificou o documento como "muito importante" e pediu que católicos de todo o mundo considerem seu conteúdo.
"Precisamos buscar maneiras de tratar as pessoas com humanidade, com a dignidade que elas possuem", afirmou o Papa. "Se as pessoas estão nos Estados Unidos ilegalmente, existem maneiras de lidar com isso. Existem tribunais; existe um sistema de justiça."
Embora tenha reconhecido que todo país tem direito de determinar suas políticas migratórias, o pontífice criticou o desrespeito direcionado a pessoas que estão "vivendo vidas boas, muitas há 10, 15, 20 anos" em solo americano. Ele foi além ao revelar que "houve alguns casos de violência, infelizmente" durante as deportações.
Evolução do posicionamento do Vaticano
Eleito pelo conclave de cardeais em maio de 2025, após o falecimento do Papa Francisco, Leão XIV tem adotado tom cada vez mais firme em suas críticas à agenda anti-imigração de Trump. Esta não é a primeira vez que o líder religioso se pronuncia sobre o tema.
Em setembro, ele já havia qualificado como "desumano" o tratamento dado a estrangeiros nos Estados Unidos. No mês seguinte, questionou publicamente se as políticas de Trump estavam alinhadas com os ensinamentos da Igreja Católica.
"Alguém que diz ser contra o aborto, mas concorda com o tratamento desumano de imigrantes nos Estados Unidos, não sei se isso é ser pró-vida", declarou o Papa em outubro, colocando em dúvida a coerência dos que se declaram defensores da vida mas apoiam medidas consideradas violentas contra imigrantes.
Alerta climático na COP30
Além das questões migratórias, Leão XIV também dedicou atenção à crise climática durante suas atividades na terça-feira. Ele divulgou um vídeo contundente para os bispos participantes da COP30, conferência realizada em Belém.
No material, criticou a incapacidade e falta de vontade política dos líderes mundiais para enfrentar o problema ambiental. "A criação clama em enchentes, secas, tempestades e calor implacável. Uma em cada três pessoas vive em grande vulnerabilidade por causa dessas mudanças climáticas", alertou.
O Papa se referiu ao Acordo de Paris, adotado pela comunidade internacional há dez anos, como a "ferramenta mais poderosa para proteger as pessoas e o planeta". Ele foi enfático ao afirmar que o acordo não está falhando, mas sim a resposta humana à crise.
"O que está falhando é a vontade política de alguns. Liderança de verdade significa serviço e apoio em uma escala que faça a diferença", concluiu Leão XIV, reforçando a necessidade de ações concretas dos governantes mundiais.