Ex-cunhada de porta-voz de Trump é detida pelo ICE e pode ser deportada
Bruna Ferreira, ex-cunhada de porta-voz de Trump detida

A situação de Bruna Caroline Ferreira, brasileira que vive nos Estados Unidos desde a infância, tomou um rumo dramático quando agentes do Immigration and Customs Enforcement (ICE) a detiveram em uma operação em Revere, Massachusetts. O caso ganhou destaque nacional por sua conexão familiar com Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca durante o governo de Donald Trump.

A detenção e as circunstâncias

Segundo informações da rádio WBUR de Boston, que primeiro noticiou o caso, a detenção ocorreu na quarta-feira, 26 de novembro de 2025, quando Bruna saía de casa para buscar seu filho na escola em New Hampshire. Seu carro foi cercado por agentes do ICE em uma ação que surpreendeu a família.

Graziella dos Santos Rodrigues, irmã de Bruna, descreveu à imprensa local a abordagem como agressiva. "Eles não foram nada gentis. Tenho certeza de que minha irmã estava apavorada, desesperada", relatou ao Boston Globe. "Ela mora aqui desde os seis anos de idade. Ela é mais americana do que qualquer outra coisa".

Após a detenção, Bruna foi transferida para um centro de detenção na Louisiana, distante de sua família e rede de apoio em Massachusetts.

Contexto familiar e imigratório

Bruna Ferreira, de 33 anos, tem uma história complexa nos Estados Unidos. Ela imigrou do Brasil com sua família quando criança e desenvolveu relacionamento com Michael Leavitt, irmão da porta-voz da Casa Branca. Do relacionamento nasceu Michael Leavitt Jr., hoje com 11 anos.

Um funcionário da Casa Branca, que pediu anonimato, confirmou à imprensa que Bruna é mãe do sobrinho de Leavitt, mas destacou que as duas mulheres "não se falam há muitos anos". A criança mora em tempo integral em New Hampshire com o pai desde que nasceu.

O Departamento de Segurança Interna emitiu comunicado classificando Bruna como "imigrante ilegal brasileira" e alegando que ela entrou no país com visto de turista B2 com validade até 6 de junho de 1999. O documento também mencionou que Bruna "já havia sido presa por agressão", embora não tenham sido apresentadas evidências dessa acusação.

Proteção do DACA e batalha legal

De acordo com seu advogado e familiares, Bruna residia legalmente nos Estados Unidos através do programa Ação Diferida para Chegadas na Infância (DACA), criado durante o governo Obama para proteger da deportação pessoas que chegaram ao país quando crianças.

Todd Pomerleau, advogado de Bruna, informou à CNN que sua cliente foi presa em 12 de novembro e está atualmente em meio a um "processo legal de imigração" para obter a cidadania americana.

Em contraponto, Tricia McLaughlin, porta-voz do Departamento de Segurança Interna, afirmou que o programa DACA "não protege automaticamente contra deportações" e "não confere qualquer tipo de status legal neste país".

A irmã de Bruna criou uma vaquinha virtual no GoFundMe para arrecadar fundos para as despesas legais. A página, que já arrecadou mais de US$ 16.000, descreve Bruna como "trabalhadora, gentil e sempre a primeira a oferecer ajuda quando alguém precisa".

Michael Leavitt, pai da criança, emitiu breve declaração: "Minha única preocupação sempre foi a segurança, o bem-estar e a privacidade do meu filho".

O caso ilustra a complexidade do sistema de imigração americano e as consequências humanas das políticas de deportação, especialmente para indivíduos que construíram suas vidas inteiras nos Estados Unidos.