Brasileira enfrenta deportação após 20 dias de detenção nos EUA
Uma brasileira de 33 anos está detida há quase vinte dias nos Estados Unidos aguardando processo de deportação. Bruna Caroline Ferreira, natural de São Paulo, foi abordada por agentes à paisana no estacionamento de um prédio em Massachusetts quando saía para buscar seu filho na escola.
Segundo relato do advogado da brasileira, Todd Pomerleau, a prisão foi traumática. "Todos usavam máscaras. Nenhum deles estava com uniforme ou em viaturas policiais... Parecia que ela estava sendo sequestrada", afirmou o defensor.
Ligação familiar com governo Trump
O caso ganhou contornos políticos devido à relação familiar de Bruna com Karoline Leavitt, atual porta-voz da Casa Branca e conhecida defensora da política migratória rígida do governo Trump. A brasileira é ex-cunhada de Karoline, tendo tido um filho com Michael Leavitt, irmão da porta-voz.
Karoline é madrinha do sobrinho de 11 anos, que vive com o pai em New Hampshire. A família afirma que existe guarda compartilhada e mantém uma relação amigável entre todos.
Michael Leavitt contou à imprensa americana que a situação é difícil e que sua maior preocupação é com a segurança do filho. Já Karoline não se manifestou publicamente sobre a prisão de Bruna.
Trajetória migratória e contestação
Bruna chegou aos Estados Unidos em 1998, quando tinha apenas seis anos de idade, mudando-se com a família. Seu advogado afirma que ela tinha proteção legal para ficar e trabalhar no país enquanto aguardava o processo para se tornar residente permanente.
"Ela entrou nos Estados Unidos com um passaporte quando era criança, aos seis anos de idade. Desde os dezoito anos ela estava sob a proteção do Programa Daca", explicou Pomerleau.
O Programa Daca foi criado em 2012 para impedir temporariamente a deportação de imigrantes que chegaram aos Estados Unidos quando eram crianças.
O Departamento de Segurança Interna confirmou a prisão e alegou que Bruna já tinha sido presa anteriormente por agressão. No entanto, o advogado contesta veementemente essa informação: "Não há passagem pela Polícia ou registro de agressão. Nos mostrem a prova. Elas não existem".
Impacto emocional na família
Após a prisão, Bruna foi levada para delegacias em Massachusetts, New Hampshire e Vermont, até chegar a um centro de detenção de imigração na Louisiana, distante de sua família.
Graziela Ferreira, irmã de Bruna, conversa com a detida quase todos os dias por telefone. Ela relatou que Bruna está muito abalada e desesperada, e que tudo o que quer é voltar para casa e ficar com o filho e com a família.
Em uma conversa com o sobrinho, Graziela passou um recado de Bruna: para ele continuar sendo um bom menino e que em breve ela estará em casa.
O caso ilustra as complexidades do sistema de imigração americano e como as políticas de deportação afetam famílias estabelecidas há décadas no país.