Um cenário de desafios para a inovação na saúde brasileira foi revelado por um estudo recente. A pesquisa mostra que a maioria absoluta das startups do setor, conhecidas como healthtechs, nunca conseguiu atrair capital de investidores externos.
Dados alarmantes sobre financiamento
O estudo, realizado pela Abstartups em parceria com o Núcleo de Política e Gestão Tecnológica da USP, traz um número que chama a atenção: mais de 60% das healthtechs do país nunca receberam qualquer tipo de investimento externo. Isso significa que seis em cada dez empresas inovadoras na área da saúde dependem exclusivamente de recursos próprios para se manter e tentar crescer.
Essa realidade impõe uma barreira significativa para que essas empresas possam escalar suas soluções e, consequentemente, gerar um impacto mais amplo no sistema de saúde. Entre as que conseguiram alguma forma de captação, os modelos predominantes são os aportes-anjo, responsáveis por 43% dos casos, e a participação em programas de aceleração, que representam 18%.
Concentração geográfica e urgência de mudanças
A pesquisa também mapeou a distribuição dessas empresas pelo território nacional, apontando uma forte concentração em um único estado. São Paulo responde por 41% de todas as healthtechs brasileiras, consolidando-se como o principal polo. Na sequência, aparecem os estados de Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Para Paulo Bittencourt, CEO do Plano Brasil Saúde, os dados evidenciam a necessidade de ações imediatas. Ele defende que é urgente ampliar os mecanismos de fomento, descentralizar os polos de inovação e criar pontes mais sólidas entre tecnologia, capital e políticas públicas.
Barreira que limita o avanço do setor
Em declaração, Bittencourt destacou o prejuízo que essa falta de acesso ao investimento causa para toda a sociedade. "Quando mais da metade das startups de saúde não consegue acessar investimento, estamos falando de uma barreira que limita a inovação no país", afirmou.
O executivo reforçou que essas empresas desenvolvem soluções com potencial para melhorar o cuidado com os pacientes, reduzir custos e aumentar a eficiência do setor de saúde. No entanto, sem o capital necessário para crescer, muitas dessas inovações podem não alcançar seu pleno potencial ou sequer chegar ao mercado.
O estudo, divulgado em 2 de dezembro de 2025, serve como um alerta para investidores, formuladores de políticas públicas e para o próprio ecossistema de inovação. A superação desse cenário é vista como um passo fundamental para modernizar a saúde no Brasil e oferecer serviços mais eficientes e acessíveis à população.