Gari da Paraíba fatura R$ 7,5 mil com máquina que transforma garrafas PET em vassouras
Gari cria máquina e fatura R$ 7,5 mil com garrafas PET

Uma história de superação pessoal e consciência ambiental está transformando a vida de um trabalhador na Paraíba e inspirando pessoas ao redor do mundo. Giorggio Abrantes, gari do município de Aparecida, no alto sertão paraibano, encontrou na luta contra o alcoolismo a motivação para criar um negócio inovador e sustentável. Hoje, ele fatura cerca de R$ 7.500 por mês com uma máquina de sua própria autoria, que recicla garrafas PET para fabricar vassouras e cordas de varal.

Da clínica de reabilitação para as redes sociais

A ideia do projeto, que rendeu a Giorggio o apelido de "gari ecológico" nas redes sociais, surgiu em um momento de profunda reflexão. Enquanto estava internado em uma clínica para tratar a dependência do álcool, ele começou a idealizar uma forma de transformar seu trabalho diário em algo maior. Como varredor de ruas, ele via a grande quantidade de garrafas PET descartadas e pensou em como poderia dar um novo destino a esse material.

"Eu trabalho varrendo a rua e encontro muitas garrafas diariamente. Então resolvi aproveitar o que eu achava e fabricar algo bom, sustentável", conta o empreendedor. Ao sair da reabilitação, ele decidiu colocar o plano em prática. O primeiro passo foi reunir os recursos necessários.

Vaquinha online e a construção do primeiro protótipo

Sem capital inicial, Giorggio recorreu à solidariedade da comunidade virtual. Através de uma vaquinha online e doações, ele conseguiu juntar R$ 14 mil. Com esse dinheiro, comprou ferramentas, aprendeu a soldar sozinho e começou a construir as primeiras máquinas recicladoras em sua casa.

O sucesso, no entanto, veio de forma inesperada, através das redes sociais. Ao postar vídeos mostrando o processo de transformação das garrafas em fios e, posteriormente, em vassouras, os comentários e visualizações explodiram. As pessoas não só queriam comprar os produtos finais, mas também as máquinas que os produziam.

"De tanto o pessoal perguntar onde conseguia as máquinas, resolvi aprender a soldar e fazer eu mesmo para vender", lembra ele. Foi o insight que transformou um projeto de reciclagem em um negócio escalável.

Um negócio que cruza fronteiras

Hoje, a empreitada de Giorggio vai muito além das ruas de Aparecida. Cada máquina recicladora é vendida por cerca de R$ 354, e os pedidos já chegaram a diversos estados brasileiros e até a outros países, como Itália e Moçambique.

Os produtos finais da reciclagem – as vassouras e as cordas de varal – têm preços que variam entre R$ 10 e R$ 35. Além disso, os fios de PET produzidos pelas máquinas se tornaram matéria-prima para outros artesãos, que os utilizam para criar bolsas, chapéus e diversos acessórios, ampliando o ciclo de sustentabilidade.

Mas a contribuição de Giorggio não para por aí. Consciente do poder do conhecimento compartilhado, ele criou um canal no YouTube onde ensina, passo a passo, como construir e operar as máquinas. O canal já soma mais de 1 milhão de inscritos, tornando-se uma verdadeira escola online de reciclagem e empreendedorismo.

"Tem um ditado que diz que 'a mãe da invenção é a necessidade'. Tudo que fiz veio da vontade de superar as dificuldades e seguir em frente", resume o gari, que se tornou um exemplo vivo de reinvenção, mostrando que é possível transformar desafios pessoais e resíduos urbanos em oportunidades de negócio e preservação do planeta.