Aos 29 anos, a brasileira Luana Lopes Lara entrou para a história ao ser apontada pela revista Forbes como a bilionária mais jovem do mundo a construir a própria fortuna, sem herdar riqueza familiar. Sua trajetória surpreendente tem raízes em Santa Catarina, mais precisamente na intensa rotina da Escola do Teatro Bolshoi em Joinville, única filial da instituição russa fora de seu país de origem.
Da disciplina do balé ao topo do mundo financeiro
A infância e adolescência de Luana foram marcadas por uma dedicação extrema. Ela dividiu a rotina na escola de balé com Vanessa Siqueira, hoje Miss Universo Joinville 2025, que foi sua colega por anos. Vanessa relembra ao g1 os dias que começavam às 5h da manhã e se estendiam até as 23h, entre aulas no Bolshoi, escola regular e ensaios noturnos.
"Sempre teve as melhores notas, era extremamente dedicada e fazia tudo com uma postura impecável", conta Vanessa sobre Luana. "Além de muito inteligente, sempre foi uma pessoa querida, educada e de uma gentileza que marcava quem convivia com ela".
Além do balé clássico, o currículo do Bolshoi incluía disciplinas como música, piano, história da arte, ginástica, teatro e danças populares. O boletim escolar precisava ser impecável para que a aluna permanecesse na instituição. "Tudo o que conquistei depois teve muito dessa base que construí lá", reflete Vanessa. "Por isso, ver o caminho da Luana hoje não me surpreende. Ela sempre teve algo especial".
Mudança de rumo: do palco para o MIT e Wall Street
Luana Lara deixou para trás a carreira na dança para perseguir outro sonho: a engenharia. Sua excelência acadêmica, já demonstrada com prêmios de matemática na adolescência, a levou a ser aprovada em algumas das universidades mais prestigiadas do mundo, incluindo Harvard, Stanford, Yale e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Ela optou por se formar em engenharia pelo renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Após a graduação, mergulhou no setor financeiro, trabalhando em gigantes como Bridgewater e Citadel, onde acumulou experiência valiosa.
O grande salto para o status de bilionária veio com o empreendedorismo. Luana é cofundadora da Kalshi, uma plataforma de apostas em eventos futuros. A startup atingiu uma avaliação de mercado impressionante de US$ 11 bilhões (cerca de R$ 58,6 bilhões). Com aproximadamente 12% das ações da empresa, seu patrimônio a colocou no seleto grupo dos bilionários self-made, ao lado de seu sócio, Tarek Mansour.
O legado do Bolshoi: formando artistas e pessoas de sucesso
O sucesso de Luana foi comemorado pela Escola do Teatro Bolshoi de Joinville, que publicou uma homenagem à ex-aluna em suas redes sociais. A instituição destacou suas conquistas acadêmicas e a difícil decisão de abandonar o balé, sua paixão, para estudar engenharia no exterior.
Vanessa Siqueira, que seguiu um caminho diferente no mundo da moda e dos concursos de beleza, também carrega os valores aprendidos. Antes de se tornar Miss, ela trabalhou como comissária de bordo internacional, visitando mais de 20 países. "Era uma rotina puxada, mas extremamente rica", afirma. "O Bolshoi forma artistas, mas também forma pessoas. Tudo aquilo exigia disciplina, foco e maturidade desde muito cedo".
A história de Luana Lopes Lara quebra paradigmas e mostra como uma base educacional sólida, pautada por disciplina e excelência, pode ser o alicerce para conquistas extraordinárias em campos aparentemente distantes, unindo a arte do balé à engenharia de precisão e ao ousado mundo das fintechs do Vale do Silício.