
Eis que a cidade que respira aviação acordou com um silêncio diferente nesta quarta-feira. Não era o habitual ronco dos motores em testes, mas o eco de uma decisão difícil: os metalúrgicos da Embraer, em São José dos Campos, cruzaram os braços.
Pois é, meu caro — a coisa ficou séria. Cerca de 4,5 mil trabalhadores decidiram parar as máquinas depois que a negociação com a empresa simplesmente não engrenou. A assembleia foi tensa, daquelas que faz a gente segurar a respiração, e o resultado? 87% a favor da greve. Quase nove em cada dez pessoas dizendo "chega".
O que está em jogo?
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região tá com a corda toda. Eles querem — olha só — um reajuste salarial que acompanhe a inflação, mais um ganho real. Traduzindo: nada de perder poder de compra, pelo contrário. Querem subir degrau, não descer.
- Reajuste que cubra a inflação do período
- Participação nos lucros e resultados (PLR) digna de quem bota a mão na massa
- Vale-refeição que realmente ajude a comer, não só enfeitar o contracheque
- Um plano de saúde que não deixe ninguém na mão na hora do aperto
Nada surreal, convenhamos. Mas a empresa, segundo o sindicato, veio com uma proposta que beira o irrisório. Algo tão abaixo do esperado que nem valeria o papel impresso.
E a Embraer, hein?
A empresa, claro, não ficou parada. Disse que a oferta foi construída com "responsabilidade fiscal e alinhamento com o mercado" — aquele jargão corporativo de sempre. Mas os trabalhadores não compram a ideia. Acham que a Embraer esqueceu quem são as mãos que montam as asas dos jatos.
E olha, não é pouca coisa não. A unidade de São José dos Campos é coração da produção de aviões comerciais e executivos. Uma paralisação aqui mexe com o fluxo inteiro — fornecedores, prazos, entregas… É um efeito dominó que ninguém quer ver cair.
Para onde vamos?
Enquanto isso, o clima na porta da fábrica é de espera — e de pulso firme. Os funcionários seguem mobilizados, e não há previsão de retorno. A menos, é claro, que a empresa resolva aparecer com uma proposta que preste.
O sindicato já avisou: a bola está com a Embraer. E o relógio corre. Cada dia parado é um dia a menos de produção, um dia a mais de prejuízo. E no fim, quem segura a ponta são sempre os mesmos: quem trabalha.
Vamos acompanhar. Porque greve não é só número — é gente. E em São José dos Campos, hoje, a voz deles ecoa mais alto que qualquer turbina.