
Era pouco depois das seis da manhã quando a cena se desenrolou no estacionamento do antigo estádio Albertão, em Teresina. Uma fila que mais parecia uma serpente humana se estendia pelo asfalto ainda fresco - mais de cem homens e mulheres, uniformizados de amarelo, aguardavam pacientemente sob o céu piauiense que já anunciava outro dia quente.
Não se tratava de nenhum evento esportivo ou show musical. Aquela multidão tranquila, porém visivelmente ansiosa, eram garis que compareceram ao chamado da nova administração municipal. A Prefeitura de Teresina, através da Superintensão de Desenvolvimento Urbano (SDDU), está realizando o recadastramento obrigatório de todos os profissionais que desejam continuar prestando serviços na varrição e coleta de lixo da cidade.
A transição que gera apreensão
A mudança não é pequena: a empresa Ambiental, que antes cuidava da limpeza urbana, teve seu contrato encerrado. Agora, a função passa para a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans), que assumiu a gestão direta do serviço. E é aí que mora o drama silencioso desses trabalhadores.
Imagine só: seu sustento depende da renovação de um cadastro. Sua família conta com aquele salário no final do mês. Não é difícil entender a tensão que pairava no ar, ainda que ninguém reclamasse alto. A fila era tranquila, sim, mas os olhares denunciavam a preocupação.
O processo de migração
De acordo com a SDDU, o recadastramento é essencial para regularizar a situação funcional de cada gari junto à nova gestão. Os trabalhadores precisam apresentar documentação pessoal e profissional completa - coisa que não é sempre simples para todo mundo.
E não é coisa rápida: o processo começou na última segunda-feira e deve se estender até o dia 12 de setembro. Quem perdeu o prazo inicial ainda tem chance, mas a ansiedade é compreensível. São vidas em espera, literalmente.
Um serviço que não pode parar
Enquanto a migração administrativa acontece, a cidade precisa continuar limpa. A Strans garantiu que os serviços de varrição e coleta de lixo seguem normalmente durante todo o período de transição. Afinal, Teresina não pode ficar suja enquanto a papelada é resolvida.
Os garis que já realizaram o recadastramento continuam trabalhando normalmente, mantendo a cidade funcionando. É curioso pensar como algo tão burocrático pode ter impacto tão direto na rotina de uma capital inteira.
O que esperar do futuro?
A grande questão que paira no ar - e ninguém responde ainda - é como ficará a qualidade do serviço após a migração. A Ambiental tinha sua metodologia, agora a Strans terá que desenvolver a sua. Espera-se, naturalmente, que a transição seja suave e que os garis, verdadeiros heróis anônimos da cidade, não sejam prejudicados nesse processo.
Enquanto isso, a fila continua formando todas as manhãs no Albertão. Homens e mulheres de uniforme amarelo que limpam nossa cidade agora esperam por seu lugar na nova estrutura. E a cidade observa, torcendo para que tudo se resolva da melhor maneira possível.