Home office recua para 7,9% em 2024 após dois anos de queda no Brasil
Home office cai para 7,9% dos trabalhadores em 2024

O trabalho em home office segue em trajetória de declínio no Brasil pelo segundo ano consecutivo. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a proporção de pessoas trabalhando de casa recuou para 7,9% em 2024, representando aproximadamente 6,6 milhões de trabalhadores.

Queda consistente no trabalho remoto

Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada nesta quarta-feira (19) no Rio de Janeiro, revelam uma redução progressiva desde o pico registrado em 2022. Naquele ano, 8,4% dos trabalhadores estavam em regime de home office, totalizando mais de 6,7 milhões de pessoas.

Em 2023, o índice já havia caído para 8,2%, com 6,61 milhões de trabalhadores atuando de casa. A pesquisa abrange um universo de 82,9 milhões de trabalhadores em 2024, excluindo empregados no setor público e trabalhadores domésticos por critério metodológico do IBGE.

Mulheres são maioria no home office

O perfil dos trabalhadores em regime remoto apresenta disparidades significativas entre gêneros. As mulheres representam 61,6% do total de pessoas em home office. Quando analisada a proporção dentro de cada grupo, 13% das mulheres trabalhavam de casa, enquanto entre os homens esse percentual era de apenas 4,9%.

Segundo William Kratochwill, analista da pesquisa do IBGE, a classificação "trabalho no domicílio de residência" inclui também pessoas que utilizam espaços de coworking. "As pessoas falam: eu trabalho de casa, mas não necessariamente ela vai trabalhar em casa, ela pode escolher ir a um coworking", ponderou o especialista.

Impacto pandêmico e tendência histórica

O pesquisador do IBGE destacou que o trabalho no domicílio "claramente deu uma arrancada depois da pandemia". Os dados históricos mostram que em 2012, apenas 3,6% dos trabalhadores atuavam em home office. O percentual subiu para 5,8% em 2019, antes da explosão durante a pandemia de COVID-19.

"Ainda está em um nível superior ao que tínhamos antes do período pandêmico e das novas tecnologias", assegurou Kratochwill, destacando que, apesar do recuo, a modalidade mantém patamar mais elevado que o verificado no período pré-pandemia.

Insatisfação e resistência nas empresas

A diminuição do home office tem gerado conflitos em algumas organizações. No início de novembro, o Nubank anunciou uma regressão gradual no trabalho remoto, medida que resultou na demissão de 12 funcionários, de acordo com o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região.

Em março, funcionários da Petrobras realizaram uma paralisação contra a diminuição do teletrabalho, entre outras reivindicações. Os casos ilustram a tensão entre empresas e trabalhadores na redefinição dos modelos de trabalho pós-pandemia.

Distribuição dos locais de trabalho em 2024

Os dados do IBGE revelam como os trabalhadores brasileiros se distribuem por diferentes locais de trabalho:

  • Estabelecimento do próprio empreendimento: 59,4%
  • Local designado pelo empregador, patrão ou freguês: 14,2%
  • Fazenda, sítio, granja, chácara etc.: 8,6%
  • Domicílio de residência: 7,9%
  • Veículo automotor: 4,9%
  • Via ou área pública: 2,2%
  • Estabelecimento de outro empreendimento: 1,6%
  • Domicílio do empregador, patrão, sócio ou freguês: 0,9%
  • Outro local: 0,2%

Um dado que chama atenção é o crescimento do trabalho em veículos automotores, que passou de 3,7% em 2012 para 4,9% em 2024. Para o analista do IBGE, esse cenário reflete o surgimento de serviços de aplicativo como Uber e 99, além da popularização de food trucks.

Na categoria trabalho no veículo, as mulheres representam apenas 5,4% do total de trabalhadores. Entre todos os homens pesquisados, 7,5% trabalham no veículo, enquanto entre as mulheres a parcela é de apenas 0,7%.

O estudo do IBGE traz dados anuais desde 2012, com exceção dos anos de 2020 e 2021, quando a coleta de dados foi inviabilizada pela pandemia de COVID-19.