O trabalho em casa continuou sendo uma realidade para quase 8% da população ocupada no setor privado brasileiro em 2024, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa mostra que, apesar de uma leve redução em relação ao ano anterior, o home office mantém patamar significativamente superior ao verificado antes da pandemia de COVID-19.
Evolução do trabalho remoto no Brasil
De acordo com a Pnad Contínua, 7,9% dos trabalhadores formais e informais do setor privado exerciam suas atividades no domicílio de residência em 2024. Esse percentual representa uma discreta diminuição comparado aos 8,2% registrados em 2023, mas continua bem acima do nível pré-pandemia.
Em 2019, antes da crise sanitária, apenas 5,8% da população ocupada trabalhava em casa. O crescimento se tornou mais evidente quando observamos o início da série histórica: em 2012, o índice era de apenas 3,6% - menos da metade do verificado em 2024.
O ápice do trabalho remoto ocorreu em 2022, quando 6,7 milhões de profissionais (equivalente a 8,4% do total) atuavam em regime de home office. É importante destacar que não houve coleta de dados nos anos de 2020 e 2021 devido às dificuldades impostas pela pandemia.
Distribuição por locais de trabalho
O local de trabalho predominante dos brasileiros continua sendo o que a Pnad classifica como estabelecimento do próprio empreendimento. Em 2024, 59,4% dos ocupados atuavam nos endereços das empresas - um percentual que supera os registros de 2023 (59,1%) e 2022 (57,9%), mas ainda abaixo do patamar de 2012 (62,7%).
A segunda categoria mais representativa é a dos profissionais que trabalham em outro local designado por empregador, patrão ou freguês, correspondendo a 14,2% da força de trabalho em 2024. Em seguida, aparecem os trabalhadores em fazendas, sítios, granjas e chácaras, com 8,6%.
O trabalho em casa ocupa a quarta posição (7,9%), seguido pelos trabalhadores em veículos automotores (4,9%) - categoria que inclui motoristas de aplicativos de transporte e apresentou crescimento de 1,2 ponto percentual desde 2012.
Diferenças regionais no perfil de trabalho
As regiões brasileiras apresentam comportamentos distintos quando analisamos os locais de trabalho. No quesito home office, Nordeste (8,4%), Sudeste (8,3%) e Norte (8,2%) registraram percentuais superiores à média nacional, enquanto Centro-Oeste (7,2%) e Sul (6,6%) ficaram abaixo.
Já em relação aos trabalhadores em veículos automotores, Norte (5,9%) e Sudeste (5,2%) lideram as estatísticas. Sul e Sudeste se destacam pela maior proporção de ocupados em estabelecimentos dos próprios empreendimentos: 65% e 64%, respectivamente.
O trabalho em fazendas, sítios e propriedades rurais é mais expressivo no Norte (15%), Nordeste (13,6%) e Sul (9,1%), superando a média brasileira de 8,6%.
Os dados revelam que o modelo híbrido de trabalho também foi considerado na pesquisa. De acordo com a metodologia do IBGE, se um profissional atua parte da semana em casa e parte na empresa, ele é contabilizado na parcela dos ocupados no domicílio de residência.
Em números absolutos, houve uma redução de 28 mil trabalhadores atuando em casa entre 2023 e 2024, passando de 6,613 milhões para 6,585 milhões. Apesar dessa pequena diminuição, o trabalho remoto se consolidou como uma modalidade importante no mercado de trabalho brasileiro pós-pandemia.