Os trabalhadores da Petrobras deram início a uma greve nacional por tempo indeterminado na madrugada desta segunda-feira, 15 de abril. O movimento, que começou em plataformas de petróleo e importantes refinarias das regiões Sul e Sudeste, já conta com a adesão dos petroleiros que atuam no polo de produção de gás e petróleo de Urucu, no interior do Amazonas.
Impasse nas negociações leva à paralisação
A decisão de paralisar as atividades foi tomada após semanas de assembleias e a rejeição de uma segunda contraproposta apresentada pela Petrobras para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). O Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (SindPetro-AM) confirmou a adesão ao movimento nacional. Segundo o representante da entidade, Bruno Terribas, os trabalhadores de Urucu iniciaram uma greve geral por tempo indeterminado em alinhamento com a mobilização de toda a categoria.
"Os trabalhadores e as trabalhadoras da província petrolífera de Urucu, no Amazonas, iniciaram, junto com toda a categoria petroleira em nível nacional, uma greve geral por tempo indeterminado em defesa de um acordo coletivo de trabalho que valorize a produtividade apresentada no último período", afirmou Terribas. A pauta também busca barrar mudanças promovidas pela empresa nos planos de saúde e de previdência, especialmente para os aposentados.
Pontos de conflito com a estatal
De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a proposta da Petrobras não avançou em três pontos centrais exigidos pelos trabalhadores. A categoria reivindica:
- O fim dos Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, que descontam valores extras de trabalhadores, aposentados e pensionistas para cobrir déficits do fundo de previdência.
- Aprimoramentos no plano de cargos e salários, com garantias contra mecanismos de ajuste fiscal.
- A defesa de um modelo de negócios que fortaleça a estatal, barrando parcerias e terceirizações que, na visão dos sindicatos, precarizam o trabalho e abrem caminho para privatizações.
Em nota, a FUP foi enfática: "A categoria quer respeito, dignidade e uma justa distribuição da riqueza gerada". A greve tem como objetivo conseguir um ACT forte, que recupere direitos perdidos e garanta condições decentes de trabalho.
Impactos operacionais e posição da empresa
O sindicato alerta que, caso a greve se estenda até a próxima quarta-feira, a Petrobras poderá enfrentar dificuldades para realizar o revezamento das equipes que atuam na base de Urucu, o que ampliaria os impactos na produção. Em resposta, a Petrobras divulgou uma nota informando que segue empenhada em concluir as negociações com a categoria, mas não fez novos comentários sobre as demandas específicas.
A paralisação marca um novo capítulo de tensão nas relações entre a estatal e seus trabalhadores, com a greve se espalhando por unidades estratégicas de produção e refino em todo o país. O desfecho das negociações será crucial para definir o ritmo das operações da maior empresa do Brasil.