Petroleiros de SP entram em greve por tempo indeterminado por melhores condições
Greve de petroleiros paralisa 60% da produção nacional

Cerca de 3 mil petroleiros que atuam em unidades da Petrobras no litoral do estado de São Paulo deflagraram uma greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira, dia 15. A paralisação, organizada pelo Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista (SindiPetro LP), tem como principal motivo a falta de avanços nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho para o período de 2025-2026.

Principais reivindicações da categoria

Os trabalhadores apresentam uma lista de demandas consideradas essenciais para a valorização da categoria. A proposta salarial da empresa foi considerada insuficiente, e os petroleiros buscam um reajuste de 10% nos salários base, com o objetivo de repor perdas acumuladas nos últimos anos.

Outro ponto crucial é a isonomia nos benefícios e nas escalas de trabalho. A categoria exige que o valor do vale-refeição para os operacionais seja equiparado ao dos funcionários administrativos, que recebem cerca de R$ 2 mil. Além disso, pedem o fim da escala 6x1 e mais autonomia na definição das jornadas, buscando igualdade entre trabalhadores concursados e terceirizados.

Demandas por segurança e direitos previdenciários também estão na pauta. Os grevistas reivindicam mais garantias para os terceirizados, com contratos mais longos e claros, e o fim dos descontos extras dos Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, que impactam salários e aposentadorias.

Impacto estratégico da paralisação

A greve atinge unidades consideradas estratégicas para a produção nacional de petróleo e derivados. Entre as instalações paralisadas estão a Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão, o Terminal Aquaviário da Alemoa, o Terminal de Pilões e a sede do Pré-sal no Valongo, em Santos.

De acordo com o SindiPetro LP, os trabalhadores da região são responsáveis por aproximadamente 60% de toda a produção nacional da Petrobras, o que confere um peso significativo ao movimento e pode gerar impactos no abastecimento caso a paralisação se estenda.

Frustração nas negociações com a Petrobras

As negociações entre o sindicato e a estatal se arrastam desde setembro. A empresa apresentou três propostas, todas rejeitadas pela categoria por não atenderem às principais reivindicações. A última oferta, segundo os trabalhadores, trouxe mais vantagens para a companhia do que para seus funcionários.

Em declaração ao g1, o diretor do SindiPetro LP, Adaedson Costa, afirmou que o movimento busca maior valorização. "Queremos uma Petrobras que, sim, pague dividendos, mas que também valorize seus trabalhadores, que se expõem, adoecem e até morrem para gerar essa riqueza", disse Costa, destacando que o objetivo é garantir dignidade e qualidade de vida.

Além das questões salariais e de jornada, os petroleiros exigem o fim do banco de horas em áreas de periculosidade e a retomada do Programa Jovem Universitário, que custeava parte da formação superior de filhos de empregados em cursos afins às atividades da empresa.

A reportagem entrou em contato com a Petrobras para obter um posicionamento sobre a greve e as negociações, mas não recebeu retorno até o momento da última atualização desta matéria.