O tão aguardado relatório de emprego dos Estados Unidos para setembro finalmente foi divulgado após seis semanas de atraso, revelando números que surpreenderam positivamente, mas também expuseram sinais preocupantes de desaceleração no mercado de trabalho americano.
Números surpreendentes mascaram realidade complexa
O Departamento do Trabalho dos EUA informou a criação de 119 mil postos de trabalho no mês de setembro, um resultado que superou significativamente as projeções dos economistas, que esperavam apenas 51 mil novas vagas. Este desempenho representa mais que o dobro do previsto inicialmente.
Entretanto, a euforia com o número positivo foi rapidamente contida pela análise mais detalhada dos dados. As revisões dos meses anteriores trouxeram más notícias: o governo corrigiu para baixo os números de julho e agosto, eliminando 33 mil vagas do total anteriormente estimado. A situação de agosto foi particularmente preocupante, com a revelação de que o mês havia registrado uma perda líquida de 4 mil empregos.
Indicadores mostram perda gradual de vigor
A taxa de desemprego nos Estados Unidos subiu de 4,3% para 4,4% em setembro, acompanhada por um aumento no número total de desempregados, que chegou a 7,6 milhões. Ambos os indicadores estão em patamares superiores aos registrados há um ano, confirmando a tendência de enfraquecimento gradual do mercado de trabalho.
Os salários médios por hora apresentaram um avanço de 0,2% no mês e acumulam alta de 3,8% em 12 meses, atingindo US$ 36,67. Embora mantenham trajetória de crescimento, o ritmo não é suficiente para compensar completamente os efeitos inflacionários sobre o poder de compra dos trabalhadores.
Apagão estatístico preocupa economistas
Um dos aspectos mais preocupantes do cenário atual é a lacuna de informações criada pelo shutdown federal. A paralisação do governo impediu a coleta de dados referentes ao mês de outubro, o que significa que não haverá qualquer relatório oficial sobre a situação do emprego naquele período.
Esta interrupção na série histórica ocorre em um momento particularmente delicado para o Federal Reserve, que busca definir os próximos passos da política monetária. O próximo relatório completo só será divulgado em 16 de dezembro, deixando economistas e investidores sem uma leitura crucial sobre a direção da economia americana.
O quadro que emerge da análise detalhada é de uma economia que continua criando empregos, mas em ritmo claramente inferior ao observado durante a fase mais vigorosa da recuperação pós-pandemia. O mercado de trabalho americano mostra sinais de cansaço, com a trajetória de desaceleração se consolidando desde abril deste ano.