Lula propõe resposta unificada do BRICS contra tarifas dos EUA: o que está em jogo?
Lula quer resposta unificada do BRICS a tarifas dos EUA

Numa jogada que mistura xadrez geopolítico e economia prática, Lula decidiu sacar sua carta da cooperação. O presidente brasileiro quer que os BRICS — aquele clube que reúne gigantes como China, Rússia e Índia — falem a mesma língua diante das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.

E não é pouca coisa. Washington vem apertando o cerco com medidas que, segundo especialistas, podem descarrilar a recuperação econômica global pós-pandemia. "Quando um espirra, o outro pega um resfriado", comentou um diplomata sob condição de anonimato.

Por que agora?

O timing não é aleatório. Com a economia mundial ainda cambaleando, qualquer barreira comercial extra funciona como um soco no estômago. Lula sabe disso — e parece disposto a transformar o BRICS num contrapeso real ao unilateralismo americano.

Detalhe curioso: enquanto alguns países do bloco preferem respostas individuais, o brasileiro insiste na estratégia coletiva. "Sozinhos somos frágeis; juntos viramos um rochedo", teria dito em off durante reunião preparatória.

Os números que assustam

  • Setor agrícola brasileiro pode perder até R$ 15 bi/ano
  • Índia já registrou queda de 7% nas exportações de aço
  • África do Sul viu 23% de seus produtos ficarem menos competitivos

Não é exagero dizer que estamos diante de uma encruzilhada histórica. Se o BRICS conseguir falar como um só — e isso é um grande "se" —, o jogo comercial global pode mudar de figura. Mas convencer China e Rússia a dançarem na mesma cadência? Aí reside o verdadeiro desafio.

Enquanto isso, nos corredores do Itamaraty, o clima oscila entre otimismo cauteloso e realismo desencantado. "Temos a chance de escrever um novo capítulo", diz um assessor, "mas a caneta pode falhar a qualquer momento".