
Numa jogada que pegou muita gente de surpresa — e que não acontecia há tempos —, quase seiscentos economistas de peso resolveram botar a boca no trombone. A razão? A pressão descarada que Donald Trump vem fazendo sobre o Federal Reserve, o Fed americano, e os ataques diretos à economista Lisa Cook, uma das diretoras da instituição.
Pois é. A coisa ficou feia, e a comunidade econômica não aguentou calar. A carta aberta, divulgada nesta segunda-feira (2), é um verdadeiro puxão de orelha no ex-presidente e seus aliados. E olha, não foi por pouco.
O teor do recado: independência acima de tudo
Os signatários — gente que entende do riscado, de professores renomados a ex-integrantes do próprio Fed — foram claros como água: a autonomia do banco central é sagrada. Não pode ser minada por interesses políticos, muito menos por ataques pessoais.
“Qualquer tentativa de deslegitimar ou pressionar publicamente os membros do Fed”, diz um trecho, “é um ataque perigoso à estabilidade econômica”. E não para por aí. Eles ainda elogiam o trabalho “tecnicamente impecável” de Lisa Cook — doutora por Harvard e ex-conselheira de Obama —, destacando sua contribuição para políticas que reduziram a inflação sem afundar o emprego.
Por que isso importa — e muito
Trump, que já havia criticado publicamente Jerome Powell, chairman do Fed, agora mira em Lisa Cook. Acusações infundadas, dizem os economistas, que mais parecem tentativas de assustar quem pensa diferente.
Mas a reação foi à altura. Quase 600 vozes contra uma narrativa que, se vingar, pode abalar a confiança no dólar e no sistema financeiro global. Não é exagero. É fato.
E tem mais: a carta alerta que interferência política em bancos centrais tende a acabar mal. Para todo mundo. Juros descontrolados, inflação nas alturas, crises que a gente nem quer imaginar.
Lisa Cook: quem é e por que ela importa
Primeira mulher negra no comitê do Fed em mais de 100 anos, Lisa não é qualquer uma. Sua trajetória acadêmica é brilhante, e sua atuação no banco central americano tem sido elogiada até por críticos.
Mas nos últimos dias, tornou-se alvo. Trump a chamou de “incompetente” e sugeriu que deveria ser demitida. A carta responde: “Seus méritos falam por si”. E como falam.
Números à vista, a inflação caiu, o mercado de trabalho segue firme e a economia não entrou em recessão — como muitos previram. Coincidência? Difícil acreditar.
O recado final: um aviso solene
O documento termina com um apelo. Que a governança do Fed seja respeitada. Que decisões técnicas prevaleçam sobre bravatas eleitoreiras. Que a democracia — inclusive a econômica — sobreviva.
Não é todo dia que vemos economistas se unirem assim. Quando acontece, é porque a coisa é séria. Melhor prestar atenção.